As variações climáticas e morfológicas quaternárias tiveram origem, em especial, nos fenômenos glaciais globais ocorridos durante este “breve” tempo geológico. Em se tratando de aspectos morfológicos, o que Penteado (1983), Christofoletti (1980, p. 142-146) e Ab’Sáber (2003, p. 45) afirmam é que ocorreram flutuações significativas do nível do mar, a partir do início do Pleistoceno Superior (± 40.000 A.P.) e desenvolvidas até os presentes dias, com processos eustáticos ora transgressivos, ora regressivos, indicando diferenciações em dinâmicas de intemperismo, erosão e sedimentação (agradação ou progradação) das costas, do litoral e mesmo da própria plataforma continental.
Os estudos do Quaternário têm por objetivo a busca da compreensão da gênese e dos processos intrínsecos às dinâmicas ambientais atuais. Durante os últimos 40.000 anos, o nível do mar, em função da glaciação de Würm-Winsconsin, flutuou significativamente, configurando, por diversas vezes linhas de costa, costas e litorais heterogêneos, denotando diversos aspectos morfológicos.
Foi justamente no último significativo episódio transgressivo, iniciado a partir de 12.700 anos A.P. que as condições climáticas regionais passaram por grandes variações e o nível do mar subiu de aproximadamente -100 para ±3,5 metros (em relação ao atual). Ademais, há que se aportar ainda ao contexto de que todas as paisagens litorâneas e os limites costeiros observadas em tal Ilha e em suas adjacências datam do Quaternário Superior (Formação Açuí), sendo principalmente de idade holocênica, momento esse de (re)configuração das unidades paisagísticas regionais, individualização do Golfão Maranhense (vasto e complexo sistema ambiental estuarino de notável hidrodinâmica).
Ademais, foram diagnosticados outros efeitos geomorfológicos neste setor, como o surgimento de faixas de restingas e campos de dunas (agradação da linha de costa pelo acúmulo sedimentar, fato responsável, por exemplo, pela morfogênese da Ilha de Curupu, situada no município de Raposa, ao Norte da Ilha do Maranhão). Ocorreu, ainda, o afogamento dos cursos inferiores de rios (desde 12.700 A.P.) e configuração da faixa litorânea da Ilha do Maranhão e do Golfão Maranhense (entre 5.500 anos e 2.500 anos A.P., em momento de estabilização do nível do mar), com suas principais feições morfológicas: igarapés; estuários; pontais rochosos; depósitos de tálus; acúmulo de rochas em declives abruptos e rochosos; falésias; planícies de marés lamosa e arenosa; praias; dunas; ambientes dominados por mangues, marismas e vegetação de restinga (em paleodunas); bancos e cordões arenosos; restingas; enseadas; baías; tabuleiros sedimentares e colinas dissecadas. Paisagens essas que, vistas no contexto geral, dão idéia da fragilidade dos sistemas ambientais naturais associados à Zona Costeira Maranhense, sem nenhum programa de Gerenciamento Costeiro Integrado em voga nos últimos anos.
Luiz Jorge Dias
Geógrafo - MSc. Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Geografia Fìsica - UEMA\CESI\DHG
Geógrafo - MSc. Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Geografia Fìsica - UEMA\CESI\DHG
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