segunda-feira, 23 de novembro de 2009

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS EM SÃO LUÍS (MA)


Prof. MSc. Luiz Jorge B. Dias

Geógrafo - Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas

Prof. Auxiliar I de Geografia Física - UEMA\CESI\DHG


A Capital Maranhense, São Luís, possui quatro Unidades de Conservação (UC’s) Estaduais devidamente instituídas, baseadas na Lei 9.985/2000, sendo elas: o Parque Estadual do Bacanga e a Estação Ecológica do Rangedor, ambos de uso restrito (Unidades de Proteção Integral), e as Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) de Itapiracó e de Maracanã, que são do grupo de Unidades de Uso Sustentável. Elas são estratégicas para a manutenção das condições ambientais de toda Ilha e não apenas da Capital, São Luís, uma vez que todas as UC’s são consideradas importantes áreas de regulação climática.

O Parque Estadual do Bacanga foi criado pelo Decreto Estadual Nº. 7.545, de 07 de março de 1980, abrangendo os ecossistemas naturais amazônicos existentes na porção Oeste do município de São Luís, bem como a necessidade iminente de preservar os seus elementos ambientais. Sua área total é de 2.636 hectares.
A Estação Ecológica do Rangedor, criada pelo Decreto Estadual 21.797, de 15 de dezembro de 2005, é a mais recente UC da Ilha de São Luís. Abrange uma área de 125,65 hectares e é uma importante área reguladora climática e de recarga de aqüíferos, o que se soma à proximidade do Centro de São Luís, sendo, portanto, estratégica para a preservação. É dotada de caracteres paisagísticos peculiares, com presença de fragmentos florestais densos, algumas pequenas lagoas mantenedoras de elevada biodiversidade e funciona como refúgio de vida animal, em especial da avifauna regional.

A APA (Área de Proteção Ambiental) da Região de Maracanã, criada em 01º de outubro de 1991 pelo Decreto Nº. 12.103, funciona como zona de amortecimento de impactos do Parque Estadual do Bacanga. Possui extensos juçarais, que protegem naturalmente os cursos d’água a eles associados. É nessa APA que é desenvolvida uma das mais tradicionais festas da Ilha: a Festa da Juçara. Possui 1.831 hectares.

Por fim, a APA de Itapiracó, instituída pelo Decreto Estadual 15.618, de 23 de junho de 1997 , é amplamente utilizada para fins de Educação Ambiental, especialmente pela comunidade de entorno. Possui uma infra-estrutura básica de visitações, com centro de visitantes, trilhas ecológicas, identificação das principais espécies vegetais. Desde 2006, ações de plantio de mudas de espécies nativas têm sido desenvolvidas em parcerias com escolas comunitárias. Sua área total é de 322 hectares.

Atualmente, está em discussão no ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade e Conservação), proposta "técnica" e política de criação da Reserva Extrativista (Federal) do Taim. Fatos e justificativas (às vezes bastante contrárias) sobre esse quesito serão apresentados em outro momento neste Blog.

ANÁLISE RÍTMICA EM CLIMATOLOGIA GEOGRÁFICA: RESUMO CONCEITUAL

Prof. MSc. Luiz Jorge B. Dias
Geógrafo - Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I de Geografia Física - UEMA\CESI\DHG
Objetivamente, Drew (2002) afirma que os fenômenos naturais, tais como os ecológicos e humanos, são dinâmicos por natureza e definição. Os estudos sobre o clima devem obrigatoriamente desenvolver a prática da compreensão sistêmica dos fatos geocientíficos, que devem ser compreendidos tanto ao nível estatístico-preditivo, quanto dinâmicos (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007).

Monteiro (2003, p. 12) reforça a idéia de que é necessário que sejam desenvolvidos estudos sobre a “[...] concepção dinâmica conduzida pelo paradigma do ritmo de sucessão habitual dos estados atmosféricos sobre os lugares [...]”. Dessa forma, o ritmo ao qual se refere o autor é uma condicionante para a explicação das causas do que se convencionou denominar de “imprevisibilidades”. É a sua análise quem irá definir como se processam as flutuações dos estados atmosféricos, bem como proporcionará a previsão mais adequada das condições de mudanças dos índices de precipitação, aumento ou diminuição da temperatura e umidade, bem como avanço ou retração de ecossistemas, regiões naturais e/ou domínios de natureza.
A análise rítmica em Climatologia é um condicionante indispensável para o bom conhecimento dos espaços passíveis de planejamento, uma vez que a compreensão dos padrões climáticos e de suas variações são condições sine qua non do ordenamento territorial. Em outros termos, sem a compreensão dos ritmos climatológicos (ou climáticos) não há possibilidades reais concretas de se planejar adequadamente os diversos tipos de uso e ocupações humanas em áreas as mais heterogêneas possíveis.
Oliveira (2008) afirma que a compreensão e análise dos sistemas climáticos dependem, categoricamente, do entendimento da atmosfera, da hidrosfera, da criosfera, da superfície terrestre e das coberturas vegetais. Em conjunto, esses macro-elementos devem ser analisados integralmente e, obviamente, tal sistema evolui ao longo do tempo, o que significa dizer que ele obtém ritmos (processos) homogêneos e heterogêneos, indicados por padrões de precipitação, de mudanças no albedo (ou reflectância da radiação solar dos diversos ambientes e formas), de aumento do calor ou da dissipação de energia calorífero, aumento ou diminuição de gases-estufa.
Evidentemente, a análise rítmica em Climatologia prescinde de espacialização. Em outros termos, para que ela seja factível é necessário que seja enquadrada segundo escalas espaciais que, em primeira instância, apresentam as formas de manifestação das ações climáticas sobre a superfície terrestre.
Referências

DREW, David. Processos interativos homem – meio ambiente. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 206 p.

MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. Teoria e clima urbano: um projeto e seus caminhos. In: MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo; MENDONÇA, Francisco. Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003. p. 09 – 67.

MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês Moresco. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. 206 p.

OLIVEIRA, Sonia Maria Barros de. Base científica para a compreensão do aquecimento global. In: VEIGA, José Eli da (org.). São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2008. p. 17 – 54.

REFLEXÃO SOBRE OS CONCEITOS DE "TEMPO" E "CLIMA" EM GEOGRAFIA

Prof. MSc. Luiz Jorge B. Dias
Geógrafo - Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I de Geografia Física - UEMA\CESI\DHG
A seguir, são apresentados os conceitos clássicos acerca de “tempo” e “clima” para uma breve reflexão:
  • Tempo -> “[...] estado médio da atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado lugar [...]” (AYOADE, 2001, p. 02);
  • Clima -> “[...] síntese do tempo em um dado lugar durante um período de aproximadamente 30 – 35 anos. O clima, portanto, refere-se às características da atmosfera inferidas de observações contínuas durante um longo período [...]” (AYOADE, 2001, p. 02);

Entretanto, novas concepções se inserem nas discussões atuais, as quais são bastante evidentes as análises dos componentes ambientais, em que o homem aparece como um “indutor” de mudanças. Para Mendonça e Danni-Oliveira (2007, p. 15), "[...] a Climatologia constitui o estudo científico do clima. Ela trata dos padrões de comportamento da atmosfera em suas interações com as atividades humanas e com a superfície do Planeta durante um longo período de tempo. Esse conceito revela a ligação da Climatologia com a abordagem geográfica do espaço terrestre, pois ela se caracteriza em um campo do conhecimento no qual as relações entre a sociedade e a natureza configuram-se como pressupostos básicos para a compreensão das diferentes paisagens do Planeta e contribui para uma intervenção mais consciente na organização do espaço [...]".

Segundo essa reflexão, podem ser caracterizados três pressupostos indispensáveis à compreensão geográfica dos climas:

  • Clima e atividades humanas: frente a tantas discussões disseminadas nos meios científicos e informacionais acerca da participação das atividades humanas nas mudanças ambientais (em que pesem as climáticas), é indispensável que nas reflexões teóricas e pragmáticas da Climatologia Contemporânea os tipos de climas e suas características sejam abordados em consonância com a compreensão das atividades humanas historicamente desenvolvidas, sustentando modos de produção diversos e como elas são ou podem ser consideradas climatogenéticas;
  • Clima, paisagens e espaços: é evidente que uma das principais funções das Geociências é a identificação de características físicas, ecológicas e humanas, que, em conjunto, apresentam a possibilidade de enquadramento de parcelas da Terra em áreas mais ou menos homogêneas, o que permite a classificação das tipologias de espaços geográficos. Quando se discute o problema das classificações das tipologias climáticas ou da cobertura vegetal de um espaço ou região, é aconselhável que se insiram dados/informações sobre os climas locais e regionais, para uma melhor identificação dos padrões de paisagens observados. Assim, as paisagens (ou seja, aquilo que é passível de se abarcar com a visão) e os espaços (as paisagens em movimento contínuo) dependem da Climatologia para serem reconhecidos e estudados em sua totalidade geocientífica;
  • Clima e organização do espaço: um dos principais trabalhos do profissional das Geociências é o de entender a organização atual e pretérita dos espaços e paisagens para poder elaborar cenários de uso e ocupação, por exemplo. Nesse sentido, existem (ou coexistem) em um mesmo local ou em uma mesma região organizações heterogêneas dos espaços geográficos, onde são superpostos os espaços humanos (sistemas urbanos, agroecossistemas) sobre os ecológicos (remanescentes de florestas ou de cerrados, por exemplo, na forma de enclaves vegetacionais) e sobre os naturais (em que são evidenciados as diferenças das formas de relevo, os tipos de rochas, as variações dos solos, dentre outros, os quais são – ou podem ser – respostas às atuações climáticas atuais ou anteriores ao presente). Assim, entender a organização dos espaços geográficos (e das paisagens) é analisar a integralidade dos componentes ambientais, com finalidade de proposição de alternativas aos usos e ocupações que não sejam coerentes com as suas características e potencialidades.

A Geografia, por ter campos bem discernidos de atuação (Geografia da Natureza, Geoecologia e Geografia Social), apresenta uma grande aceitabilidade da Climatologia, enquanto disciplina correlata aos estudos espaciais, ao passo que fornece a ela um conjunto de análises particularizadas sobre a compreensão dos fatos espaciais integrados em um mesmo contexto. Ademais, a Climatologia permite à Geografia (uma Ciência Humana) um “diálogo” científico claro com as Ciências Exatas e Naturais.

Como pôde ser observado, o estudo geográfico do clima é algo bastante abrangente e deve ter em seu contexto analítico, além de uma abordagem inter e transdisciplinar, uma inclinação patente para a compreensão das dinâmicas naturais associadas às produções humanas, que convertem espaços/paisagens segundo suas necessidades, com implicações as mais diversas sobre todos os componentes ambientais, isso em múltiplas escalas (do local ao global).

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amazônia perde 400 km² de floresta em setembro

04/11 - 13:02 - Agência Brasil
Em setembro, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram 400 quilômetros quadrados (km²) de desmatamento na Amazônia. Em relação setembro de 2008, quando o desmate atingiu 587 km², houve queda de 31,8%. Os dados são do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgados nesta quarta-feira. Apesar da tendência de queda, a área desmatada em setembro ainda equivale a um terço da cidade do Rio de Janeiro.

Mato Grosso retoma liderança
Com 134 km² de novos desmatamentos, Mato Grosso retomou a liderança do ranking de Estados que mais desmataram, depois de meses de liderança do Pará, que registrou 133 km² no mesmo período.
Em Rondônia, o Inpe observou 71 km² de novas derrubadas, no Amazonas, 31 km² e no Maranhão, 14 km². O Acre aparece em seguida, com 9 km², Roraima com 7 km² e Tocantins com 1km². Por causa da cobertura de nuvens, o Amapá não pôde ser monitorado adequadamente, de acordo com o Inpe. Em toda a Amazônia Legal, a área livre de cobertura de nuvens foi de 82% da região, o que permitiu boa visualização dos satélites.
Medição do Deter
A medição do Deter considera as áreas que sofreram corte raso (desmate completo) e as que estão em degradação progressiva. O sistema serve de alerta para as ações de fiscalização e controle dos órgãos ambientais. O desmate medido em setembro não será levado em conta na taxa anual de desmatamento para o atual período (2008/2009). O total, calculado pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), vai considerar o desmate ocorrido entre agosto de 2008 e julho de 2009. A estimativa do governo é de que o resultado seja o menor dos últimos 20 anos.

Sem acordo, Câmara vota anistia para quem desmatou

Ambientalistas e ruralistas descartam entendimento para votar projeto que anistia proprietários de 35 milhões de hectares de área desmatada ilegalmente. Área desmatada beneficiada com anistia equivale a 18 vezes o estado de Sergipe
04/11/2009 - 06h20

Por Renata Camargo

Apenas um consenso aproxima deputados ruralistas e ambientalistas na votação do projeto de lei que anistia proprietários de mais de 35 milhões de hectares de áreas desmatadas ilegalmente no Brasil, prevista para hoje (4). Os dois lados concordam que não há chance de se chegar a um acordo para votar o polêmico substitutivo apresentado pelo deputado Marcos Montes (DEM-MG) na Comissão de Meio Ambiente da Câmara.

Os ambientalistas acusam o relator e seus aliados de livrarem de qualquer punição proprietários rurais que desmataram uma área equivalente a 18 vezes o estado de Sergipe. Os ruralistas negam que estão defendendo uma superanistia e defendem a punição somente para quem desmatar a partir de agora.
O Congresso em Foco ouviu dois deputados que ocupam campos opostos na mais nova trincheira a dividir ruralistas e ambientalistas na Câmara: Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Edson Duarte (PV-BA). Um dos coordenadores da bancada ruralista, Luiz Carlos Heinze acusa os ambientalistas de radicalismo e de terem “segundas intenções” ao se posicionarem contra o projeto, por eles batizado de Floresta Zero. “Não tem como [chegar a um entendimento]. Os ambientalistas são extremistas e radicais. E pode escrever aí que tem grana por trás disso. Então é eles pra lá, e eu pra cá. É difícil fazer acerto com gente que tem segundas intenções”, disse Heinze ao site.
Líder do Partido Verde, Edson Duarte critica o que chama de “negligência” e “agachamento” do governo em relação à pressão da bancada ruralista. Na avaliação dele, a eventual aprovação desse projeto é simbólica. “Há uma tentativa de garantir a impunidade geral e irrestrita para todo mundo que degradou. Isso é muito perigoso. Toda vez que você anistia e permite que a impunidade prevaleça, isso acaba servindo de estímulo para que outros também cometam erros apostando na impunidade”, avalia.

O substitutivo ao Projeto de Lei 6424/05 acirrou os ânimos entre os dois grupos na semana passada, como antecipou o Congresso em Foco. De um lado, os ruralistas afirmam que é preciso consolidar as áreas já desmatadas hoje e a partir de então adotar a política do desmatamento zero. De outro, ambientalistas defendem que é preciso punir os que já desmataram fora dos limites da lei, decretar moratória ao desmatamento e recuperar áreas degradadas. Eles argumentam que o país tem áreas excedentes para a produção agrícola.

“Não podemos desmatar mais nada. Nós temos áreas suficientes para a produção agrícola. O que o Brasil tem de fazer é decretar uma moratória imediata para que não se derrube mais nenhum metro de floresta nativa”, avalia o líder do PV. “Estamos defendendo o desmatamento zero. Mas deixa-se hoje essa parte existente, então daqui para frente nós vamos preservar. Se o Brasil tem hoje 260 milhões de hectares com agricultura e pastagem, o que queremos é consolidar esses 260 milhões de hectares”, afirma Luiz Carlos Heinze.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Antropólogo francês Claude Lévi-Strauss morre aos 100 anos

PARIS – O pesquisador francês Claude Lévi-Strauss, que influenciou gerações de sociólogos e estabeleceu as bases da antropologia moderna, morreu aos 100 anos no último final de semana.

03/11 - 14:30 , atualizada às 18:03 03/11 - Redação com AFP

A informação foi divulgada nesta terça-feira (03) pela Academia Francesa de Ciências Sociais. De acordo com a entidade, o pesquisador morreu na madrugada de sábado para domingo.

Considerado o último grande pensador francês, Lévi-Strauss completou 100 anos em 2008, centenário que foi festejado em todo o mundo. Filósofo de formação e pioneiro do estruturalismo, trabalhou em prol da reabilitação do pensamento primitivo, às vezes com o olhar de um moralista. "Sua obra é indissociável de uma reflexão sobre nossa sociedade e seu funcionamento. Tem um enfoque ecológico, antecipado, do mundo e dos indivíduos", escreve seu biógrafo, Denis Bertholet.Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, em 28 de novembro de 1908, de pais judeus e franceses.
Em sua juventude, militou na SFIO (Seção Francesa da Internacional Operária). Em 1931, obteve o título de catedrático em filosofia. Nomeado professor na Universidade de São Paulo, viajou em 1935 para o Brasil, onde dirigiu várias missões etnológicas em Mato Grosso e na Amazônia. Contou essa experiência em sua autobiografia intelectual, "Tristes Trópicos" (1955), um dos grandes livros do século 20.De volta a Paris às vésperas da Segunda Guerra Mundial, foi convocado em 1939 e depois deu baixa por sua origem judia. Em 1941 se refugiou nos Estados Unidos, deu aulas em Nova York e conheceu ali o linguista Roman Jakobson, que teve uma grande influência sobre ele.
Em 1949 assumiu o cargo de vice-diretor do Museu do Homem, em Paris. Em 1959, ocupou a cátedra de antropologia social do Colégio da França, onde trabalhou até sua aposentadoria, em 1982. Doutor honoris causa por várias universidades de prestígio (Oxford, Yale e Harvard, entre outras), foi o primeiro etnólogo eleito membro da Academia Francesa, em 1973.
Início do estruturalismo
Entre suas principais obras figuram "Estruturas Elementares do Parentesco", "Antropologia Estrutural I e II", nas quais aplica ao conjunto dos fatos humanos de natureza simbólica um método, o estruturalismo, que permite discernir formas invariáveis dentro de conteúdos variáveis, e "O Pensamento Selvagem".

Nesta última obra, editada em 1962, demonstra que não há uma verdadeira diferença entre o pensamento primitivo e o moderno. "Não se trata do pensamento dos selvagens e sim do pensamento selvagem. É uma forma que se atribui a toda humanidade e que podemos encontrar em nós mesmos, mas preferimos, no geral, buscá-la nas sociedades exóticas", explicava.É também autor de "Mitológicas", onde o primeiro de seus quatro volumes ("O cru e o cozido") ilustra a oposição entre a natureza e a cultura.
Lévi-Strauss sondou profundamente as relações entre a cozinha e a cultura.Com sua silhueta delgada, seus cabelos brancos e olhar agudo, Claude Lévi-Strauss é intimidantemente tímido, mas tem uma presença imponente e uma grande capacidade de ouvir. Pouco preocupado com a posteridade, não escreveu memórias, mas falou delas com Didier Eribon em um livro-balanço intitulado "De Perto e de Longe"."Cada um de seus livros é um manual do pensamento que força a inteligência a se abrir, e uma espécie de evangelho laico que ajuda a se comover diante da vida", escreveu sua amiga e especialista em sua obra, a filósofa Catherine Clément.
Em uma das poucas entrevistas que deu nos últimos anos (em 2005), depois de evocar sua "dívida para com o Brasil", afirmava: "Vamos para uma civilização em escala mundial. Na qual provavelmente aparecerão diferenças, ao menos é preciso esperar por isso. Estamos num mundo ao qual já não pertenço. O que eu conheci, o que eu amei, tinha 1,5 bilhão de habitantes. O mundo atual tem 6 bilhões de humanos. Já não é o meu mundo".

COMPRECOMPREENSÃO DOS PROCEDIMENTOS DE GESTÃO AMBIENTALENSÃO DOS PROCEDIMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL - PARTE I

Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo - Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas (UFMA)
Prof. Auxiliar I - Geografia Física - UEMA\CESI\DHG

Tendo em vista as discussões contemporâneas sobre Gestão Ambiental, decidimos compor uma pequena análise do que isso venha a ser. Claro que, pelas minhas limitações profissionais, não falarei em questões administrativas, de certificação ISO e coisas do gênero. Falaremos, tão somente, do que vem a ser os rumos da Gestão Ambiental, aplicáveis municipalmente e estadualmente.

Primeiramente, precisamos definir quais são os eixos de Gestão Ambiental. Essa identificação permite entender que as questões ambientais, por mais interativas que sejam, precisam ser entendidas, certas vezes, de forma centrada, quase pontual. Assim, podemos definir como eixos de ação os seguintes temas:

1) Licenciamento Ambiental: apresenta as normas e procedimentos legais de como os diversos tipos de empreendimento podem se adequar aos paradigmas de situação locacional, implantação e operação. Sua correta observação e aplicação proporcionam minimização de gastos e maximização da conservação dos recursos naturais. Suas definições e orientações práticas estão contidas em vasta legislação ambiental. Entretanto, suas principais disposições estão presentes na Resolução CONAMA 237/1997, onde são apresentados os procedimentos administrativos e operacionais para que um empreedimento ou uma atividade receba sua licença ambiental , que pode ser Prévia (LP), de Instalação (LI) e de Operação (LO). Hoje, todo investimento financeiro de obras e serviços devem apresentar estudos e documentos que atestem que os danos ambientais gerados sejam os menores possíveis. Aqui se agregam os Estudos/Relatórios de Impactos Ambientais (EIA's/RIMA's), com seus respectivos Planos Básicos Ambientais (PBA's) a serem apresentados por ocasião do pedido de LI; os Planos de Controle Ambiental (PCA's); os Relatórios de Controle Ambiental (RCA's); Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD's); além de outros tipos de AIA's (Avaliações de Impactos Ambientais), a serem sugeridos pelos órgãos ambientais responsáveis pelo Licenciamento. Essa atividadetem que ser feita na maior integridade técnica e científica possível, pois dela dependem várias outras que serão discutidas anteriormente. É conveniente afirma que o Ministério Público, tantas vezes colocado como mero crítico do processo de licenciamento, deve ser considerado um parceiro em potencial do processo, tendo em vista seu poder fiscalizador e de fazer com que haja o cumprimento das propostas de mitigação de danos socioambientais. Isso em conjunto com o Órgão Ambiental.

2) Gestão de Recursos Naturais: num país como o nosso, detentor das maiores coberturas de florestas tropicais do mundo, em conjunto com a maior faixa costeira inter-tropical em um só e mesmo território nacional, bem como da maior rede de drenagem do mundo (considerando o volume de água em suas bacias hidrográficas) e de solos passíveis de serem convertidos em recursos econômicos de/para sustentação de ciclos econômicos rentáveis (no curto, no médio e no longo prazos), é indispensável pensar esta temática de forma mais setorizada, a princípio. Ela deve ser dividida em:

a) Gestão de Recursos Hídricos: em que pesem os recursos hídricos superficiais e subsuperficiais. O enquadramento dos corpos hídricos, bem como a análise de sua disponibilidade, são condições iniciais ao processo de reconhecimento de suas potencialidades de uso, de conservação e de intervenções. Suas principais ferramentas legais estão contidas na Lei Federal Nº 9.433/1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, no Decreto Federal Nº. 24.643/1934, que instituiu o Código das Águas, tal qual nas Resoluções CONAMA 274/2000 e 357/2005, que, respectivamente, apresentam os indicativos para o monitoramento da balneabilidade de sistemas ambientais associados a corpos hídricos e monitoramento da qualidade das águas superficiais. Existem normas específicas sobre os compartimentos subsuperficiais, como é o caso da Resolução CONAMA Nº 396/2008, que dispõe sobre as diretrizes de enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências, que orientam o processo de gestão de recursos hídricos. A outorga dos recursos hídricos, como instrumento regulador, e os comitês de bacia, como entes regulatórios, são estratégias de gestão imprescindíveis dentro de nosso contexto local, regional e nacional. Não há como fazer, hoje, acompanhamento da situação dos recursos hídricos e/ou dos compartimentos aqüíferos sem mobilização social, participação da sociedade civil e compartilhamento de informações com as universidades. Isso ainda considerando as dinâmicas humanas, pois todos os impactos gerados têm a bacia hidrográfica e sua malha de drenagem e de infiltração/percolação como receptáculos.

b) Gestão Florestal: um dos maiores desafios da contemporaneidade apresentados à Gestão Ambiental consiste em gerenciar os recursos florestais, ou seja, estoques de vegetação remanescentes (independente do Domínio de Natureza que se enquadre) e de madeiras beneficiadas para quaisquer tipos de uso. O principal conjunto de marcos legais para o seu real funcionamento está contido nas Leis Federais Nº. 4.771/1965, que instituiu o Código Florestal Brasileiro; Nº 7.745/1989, que estabelece medidas para a proteção das formações vegetais associadas a nascentes de rios, já definidas pelo Código Florestal como Áreas de Preservação Permanentes; Nº 11.284/2006, que dispõe sobre a criação e gestão de florestas públicas. A esses instrumentos são somados: o Decreto Federal Nº. 2.661/1998, que dispõe sobre o uso e manejo do fogo em práticas agropastoris e florestais; o Decreto Federal Nº. 5.975/2006, que orienta ao gestor ambiental e ao empreendedor do setor madeireiro/florestal a formatar Planos de Manejo Florestais Sustentáveis, supressão vegetal, cortes rasos do patrimônio vegetal, bem como obriga a reposição florestal, licenciamento para o transporte de produtos e subprodutos florestais de origem nativa e da publicidade de informações. Agregam-se a esse rol de instrumentos legais as Resoluções CONAMA Nº. 302/2002, que dispõe sobre a delimitação de faixas de vegetação associadas a reservatórios artificiais e a de Nº 303/2002, que dispõe sobre as Áreas de Preservação Permanentes (APP’s), em âmbito geral, com parâmetros, definições e limites para cada tipologia de formação vegetal considerada de proteção permanente. As orientações técnicas, entretanto, dependem de duas condicionantes: conhecimento das bases legais para a Gestão Florestal e práticas de campo. Nenhum gestor florestal, em sã consciência, deve questionar esses atributos, tendo em vista que a seriedade do processo deve estar associada a visitas técnicas, claro, subsidiadas por bons instrumentos de medição (GPS Topográfico, por exemplo), imagens de satélite de alta precisão, bem como conhecimento do mosaico de problemas socioambientais pelos quais a região de entorno do empreendimento passa. Ademais, deve-se atrelar a esse perfil interpretativo a necessidade de reconhecimento de impactos indiretos de eventuais supressões de coberturas vegetais, tal qual de limpeza de áreas e mesmo de reposição florestal, que não deve ser apenas com essências nativas, nem somente com espécies exóticas ao Domínio de Natureza (Bioma) em que o espaço sob intervenções se encontra. Cada caso representa a necessidade de reconhecimento de potencialidades e limitações, as quais os técnicos e gestores devem estar cientes.

c) Gestão de Recursos Minerais: aqui estão inseridas as atribuições ambientais de gestão para o monitoramento, fiscalização e controle dos processos que extraem do solo e subsolo materiais geológicos que sustentam cadeias econômicas inteiras, a exemplo do ferro, do ouro, da prata, ou mesmo da argila (barro), das areias, dos cascalhos, granitos e outros tipos de compostos minerais extensivamente utilizados em construção civil. As águas minerais não estão inseridas neste contexto, tendo em vista serem trabalhadas na Gestão de Recursos Hídricos. Os recursos minerais, a indústria de produção mineral e a sua conseqüente distribuição, comércio e consumo, segundo o Código de Mineração Brasileiro (Decreto-Lei Nº 227/1967), devem ser administrados pela União. Esse instrumento legal delega várias atividades ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), instituindo regras e procedimentos de gestão, como autorizações, licenciamentos e as permissões de lavras garimpeiras. A pesquisa mineral, por seu turno, é tratada de forma especial, tendo em vista a necessidade de reconhecimento dos recursos minerais brasileiros e de suas potencialidades e usos econômicos. Eis mais uma valorização dada (por instrumento normativo de trabalho) ao já mencionado DNPM, que devem autorizar (ou negar) quaisquer solicitações de pesquisa em âmbito nacional.

Em artigos posteriores, trabalharemos com outras áreas que compõem a Gestão Ambiental.