domingo, 21 de junho de 2009

GEOMORFOLOGIA, DISTRIBUIÇÃO DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E USO E OCUPAÇÃO DO SOLO


Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I de Geografia Física (UEMA\CESI\DHG)


A questão ambiental é um convite sério ao exercício da capacidade científica de transversalização de temáticas e abordagens que confluam numa perspectiva de análise integral sobre uma certa realidade, reconhecendo inter-relações entre as sociedades, os elementos naturais e os ecológicos. A Geomorfologia, por ser uma disciplina de interface, é fundamental dentro dessa temática, pois é cada vez mais exigida na elaboração de análises dos processos ambientais para o planejamento territorial (TRICART, 1976).

Ao se atrelar à Biogeografia, a Geomorfologia compreende a disposição dos ecossistemas e dos mosaicos regionais de paisagem, objetivando estabelecer diagnósticos e prognósticos coerentes e coesos de formas de uso e ocupação do solo, atentando para a concatenação de interpretações para um conhecimento mais bem sistematizado dos espaços e paisagens costeiros (DIAS, 2006).

Os ecossistemas costeiros (aqueles associados a zonas de interação mar – terras emersas – atmosfera), por serem fruto de neotectônica, das flutuações eustáticas e dos usos indiferenciados dos espaços adjacentes ao mar pelas sociedades, são frágeis por natureza e definição, com tempo de vida geologicamente curto e com grande pressão ambiental sobre eles, o que pode causar-lhes danos irreversíveis, tanto quanto ao esgotamento de componentes geossistêmicos (como solos e águas), como bióticos (comunidades vegetais e animais), numa significativa ruptura das possibilidades futuras (em escalas seculares a milenares) de desenvolvimento de novas formações ecossistêmicas (distribuídas segundo padrões ecobióticos e alelobióticos distintos).

Ademais, é conveniente lembrar que os ecossistemas costeiros são passíveis de reestruturações cênicas, de natureza geológico-geomorfológica e biogeográfica, face às possíveis elevações do nível do mar nas próximas décadas, o que comprometerá sobremaneira a permanência do homem sobre esses espaços originais de natureza ímpar.

Por fim, lembra-se que, embora existam espaços dotados de uma ampla faixa costeira, como é o caso maranhense, que possuem planos interessantes de Zoneamento e Gerenciamento Costeiros (MARANHÃO, 2003), faz-se necessária o desenvolvimento continuado de pesquisas e de políticas públicas coerentes para tais áreas possuidoras de sérios conflitos de uso e ocupação, associados a calamidades sociais pela carência de infra-estruturas e serviços adequados à manutenção da qualidade de vida da população, que as impele à busca por alternativas (ambientalmente predatórias) de subsistência.

REFERÊNCIAS

DIAS, Luiz Jorge Bezerra. Proposta metodológica de microzoneamento ambiental aplicada ao município de Anajatuba (MA). 2006. 27 f. Texto de Qualificação (Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistemas). Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2006.

DIAS, Luiz Jorge Bezerra da Silva; BRAGA, Klenya Rosa Rocha; MENDONÇA, Jane Karina Silva; COSTA, Sidilene Pereira; DIAS, Janaína Susan Bezerra da Silva Dias. Geologia, geomorfologia e unidades de paisagem da Baixada Maranhense: uma revisão de conceitos aplicadas ao planejamento territorial. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA – SBGFA, 11, 2005. São Paulo. Anais... v. 02 (CD-ROM). São Paulo: USP/Instituto de Geografia, 2005.

MARANHÃO (Estado). Zoneamento Costeiro do Estado do Maranhão. São Luís: Fundação Souzândrade / DEOLI / LABOHIDRO (UFMA) / Núcleo Geoambiental (UEMA). 254 p (CD-ROM).

TRICART, Jean. A geomorfologia nos estudos integrados de ordenação do meio natural. Boletim Geográfico. Rio de Janeiro, v. 34, n. 251. out./dez. 1976. p. 15-42.

GEOMORFOLOGIA ANTROPOGENÉTICA URBANA E ANÁLISES AMBIENTAIS: O CASO DA CIDADE OPERÁRIA E ÁREA DE ENTORNO (SÃO LUÍS – MA)

Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas (UFMA)
Prof. Auxiliar I de Geografia Física (UEMA\CESI\DHG)




A Geomorfologia Urbana é uma vertente analítica da Geomorfologia Antropogenética, que, por seu turno, indica e analisa como o homem, impregnado dos valores e recursos tecnológicos que a sociedade em que está inserido lhe proporciona, pode ser um agente modelador do relevo e, portanto, de transformação de paisagens, com a finalidade de se construir (ou reproduzir) espaços pelo seu trabalho, alterando dinâmicas naturais do modelado das formas, materiais e processos do estrato ambiental, “desviando”, ou melhor, desvirtuando, os sistemas naturais em função de suas necessidades.


Quanto maiores forem em termos escalares as intervenções humanas sobre um dado local, maiores serão os efeitos produzidos. Ademais, os ambientes geomorfológicos têm respostas distintas às alterações socialmente impostas, o que implica em maiores possibilidades de desenvolvimento de danos ambientais. Seguindo tal veio de raciocínio, a Geomorfologia Antropogenética se faz tão importante pelo fato central de compreender esforços explicativos tanto dos estudos da “Geografia Física”, quanto da “Geografia Humana”.


Ademais, aqui se ressalta a Geomorfologia Urbana, que é complementar à primeira citada, mas voltada para a compreensão da dinamicidade intrínseca aos fatos urbanos ou intra-urbanos, com possibilidade de mapeamentos com riqueza de detalhes das potencialidades do solo e suas formas atuais (ou mesmo evolutivas, processuais) de uso e ocupação, proporcionando um melhor conhecimento estrutural e escultural do ambiente físico sobre o qual se assenta o fato urbano para que se possa vir a melhor embasar as formas de se poder corretamente verificar as problemáticas ambientais inseridas no espaço, tendo a proposta de planejamento territorial integral.


Foi com tal indicação que Dias (2004) e Dias e Ferreira (2004) procederam pesquisas sobre a Cidade Operária e área de entorno imediato, no centro da Ilha do Maranhão, município de São Luís, em que se identificaram as relações entre o processo de urbanização da citada parcela espacial no decorrer de 27 anos (1976 a 2003), atentando-se na caracterização de mudanças da configuração espacial em função da tentativa de agentes sociais diversificados de se apropriarem do relevo da parte central da referida Ilha, tomando por base uma estruturação temporal, em forma de matriz de dados, que contempla três momentos em especial: as fases de pré-perturbação ambiental (até 1981), perturbação ambiental ativa (1981-1996) e de pós-perturbação (1997-2003), que, mesmo sem ter a pretensão de indicar uma fase de finalização de danos ambientais, implica tal proposta numa tentativa explicativa de, num dado momento histórico, de não desenvolvimento das perturbações antropogênicas em grandes dimensões escalares (comparadas a dantes).
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Analisar, pois, os processos socioambientais urbanos pela Geomorfologia a estes espaços relacionada, é poder caracterizar e valorizar os aparatos científicos integrais que explicam as influências da “indução ao consumo da ‘natureza’” (PENNA, 2002) da sociedade para a sociedade. A valorização diferenciada das várias parcelas do espaço urbano também são inseridas neste conjunto teórico-metodológico, derivando-se daí um incremento técnico à ciência geomorfológica e à geográfica.

REFLEXÕES SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL

Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I de Geografia Física (UEMA\CESI\DHG)


Desde o início da última década, de forma significativa, muito se especulou sobre as mudanças climáticas e quais suas implicações prováveis sobre as dinâmicas de paisagens e desenvolvimento da vida na Terra. Obviamente, isso foi estabelecido, em especial, pela observância de teorias ao aquecimento global, principalmente nas influências antropogênicas que o clima terrestre, em escala global, poderia sofrer (LOMBORG, 2002).

Tais elucubrações se ativeram em grande parte ao aumento da concentração de dióxido de carbônico (CO2) na atmosfera, no incremento de aerossóis, além da destruição (induzida pelas atividades humanas) da camada de ozônio (O3), haja vista a reação de tal composto químico com a presença de clorofluorcarbonos (CFCs) em suspensão (AYOADE, 2001), atingindo a estratosfera. Esses argumentos, que também foram adotados como parâmetros para o desenvolvimento de modelos matemáticos e algoritmos (computacionais), conhecidos como MCGs (Modelos de Circulação Geral da Atmosfera-Oceano).

Os MCGs, a partir de suas rotinas de execução e das variáveis adotadas no/para o se processamento, indicam cenários possíveis de se desenvolverem ao nível global frente à probabilidade de acontecerem mudanças climáticas significativas, me torno de aumento da temperatura do planeta. Portanto, quando se estabelece um MCG e se retira ou coloca variáveis para incrementar o seu poder de previsão de novos quadros (cenários) de paisagem e de configuração espacial está-se, de fato, tentando mostrar viabilidades de manifestação de impactos sobre o sistema Terra.

No entanto, críticas são procedidas a determinadas metodologias adotadas pelo Painel Inter-governamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC, na sigla em inglês), haja vista a não-adoção de variáveis significativas que mais bem poderiam indicar quantitativa e, por conseguinte, qualitativamente quais, de fato, seriam as conseqüências de um provável aumento da temperatura média global.

Cenários catastróficos foram preditos, o que causou um verdadeiro frenesi nas comunidades científica e leiga, em especial no que tange à elevação do nível do mar pelo derretimento massivo de geleiras e calotas, arrasamento de cidades costeiras, aumento da incidência de tempestades e furacões (tanto em quantidade, quanto em intensidade), isso tudo, além de outros impactos significativos, a partir da possibilidade de se incrementar a temperatura média do planeta entre 1,4-5,8ºC (IPCC, 2001 apud LOMBORG, 2002, p. 327).

No entanto, Lomborg (2002) atém-se ao fato de que nos modelos adotados pelo IPCC não há observância a elementos climáticos que derivariam em mudanças de previsão de cenários para até o final do século XXI, uma vez que se considera que o principal “vilão” do aquecimento global é a grande e exponencial concentração de CO2 na atmosfera, atribuída às atividades industriais procedidas desde o século XVIII.

Tal autor mencionado reflete sobre a significância relativa desse gás para o aumento da temperatura média da Terra, ainda fazendo relações com os desenvolvimentos climatológicos heterogêneos ocorridos nos últimos um milhão de anos (desde o Quaternário antigo), até os dias atuais. Ademais, Lomborg (2002) tece comentários sobre a participação do CO2 em cada compartimento atmosférico e conclui que o efeito estufa natural pode e é afetado pelas atividades humanas. Entretanto, não tão significativa e catastroficamente como previsto nos modelos e relatórios do IPCC.

A variação, pois, de temperatura acontecerá, sim, tal como a variação do nível do mar e o desencadeamento de outros problemas socioambientais correlatos. Contudo, serão tais processos mais tênues do que se poderiam esperar, uma vez que com a adoção de mais variáveis para se proceder a uma melhor análise das mudanças climáticas há que se detalhar e descobrir elementos essenciais a cada compartimento atmosférico, terrestre, antrópico, hídrico e oceanográfico (LOMBORG, 2002; PEARCE, 2002).

Tais elementos são a concentração de nuvens, bem como a gênese e desenvolvimento de núcleos de condensação; a participação de outros compostos gasosos no efeito estufa e/ou na diminuição (ou freio) da temperatura, caso este do sulfato; a presença de aerossóis, vapor d’água e outros particulados atmosféricos; dentre outros (LOMBORG, 2002; PEARCE, 2002).

Portanto, há cada vez mais carências metodológicas para serem supridas nas pesquisas científicas, uma vez que a precisão técnico-científico-informacional é quem vai (ou poderá) indicar a seriedade das tomadas de decisão, as quais serão implicadas para todo um conjunto e complexo social, cultural, econômico e ambiental, de um sentido macroescalar para a escala local.

Referências

AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 332 p.

LOMBORG, B. O ambientalista cético. Rio de Janeiro: Campus, 2002. p. 311-329.

PEARCE, F. O aquecimento global: causas e efeitos de um mundo mais quente. São Paulo: PUBLIFOLHA, 2002. 72 p.

SOBRE A TEORIA DOS REFÚGIOS E REDUTOS E SUA APLICAÇÃO NO ESTADO DO MARANHÃO

Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I de Geografia Física – UEMA\CESI\DHG


OBS.: Esse texto foi extraído da minha Dissertação de Mestrado defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas - UFMA em novembro de 2006.


Coltrinari (2005, p. 30) destaca que “[...] o conhecimento da sucessão temporal e espacial dos ecossistemas [...] é importante como fonte de informação sobre a evolução dos ambientes terrestres no passado [...]”. Nesse sentido, a Teoria dos Redutos e Refúgios se apresenta no cerne das análises geocientíficas como uma abordagem que integra elementos físicos (geomorfologia, sedimentologia, pedologia, hidrologia e mudanças climáticas) e ecológicos (cobertura vegetal e componentes faunísticos associados), culminando na reconstrução paleoambiental e paleoecológica local e/ou regional (AB’SÁBER, 1988; 2006b; BARBOSA, 2002; VANZOLINI, 2002).

Ante o exposto, evidencia-se que aquela teoria é uma das concepções geoecológicas mais integrativas e abrangentes que surgiram no conjunto das Geociências nos últimos 40 anos. Suas abordagens conceituais são sustentadas nas mudanças climáticas e morfológicas que proporcionariam o desenvolvimento e/ou retração de ecossistemas (escala local), mosaicos de paisagens ou mosaicos de ecossistemas (escala regional) e domínios de natureza, também denominados domínios de paisagem (escala macrorregional), abarcando ciclos glaciais e interglaciais, enfocando o instável período Quaternário (HAFFER; PRANCE, 2002; VANZOLINI, 2002; AB’SÁBER, 2003; SILVA; VIADANA, 2005). Em projeção clássica, Ab’Sáber (2000) demonstrou um provável indicativo de desenvolvimento dos eixos de expansão/retração de domínios ambientais entre 18.000 e 13.000 A.P.

A concepção exposta na forma de figura temática somente foi considerada possível pela superposição de informações locais, regionais e macro-regionais referentes à sedimentologia, geomorfologia e aspectos ecológicos estabelecidos entre as décadas de 1950 e 1960 por extensivas jornadas de campo e que ainda hoje passam por refinamentos (HAFFER; PRANCE, 2002; VANZOLINI, 2002; SILVA; VIADANA, 2005; AB’SÁBER, 2006c). No dizer de Ab’Sáber (1988, p. 44), a Teoria dos Refúgios envolve “[...] considerações sobre os atuais espaços geoecológicos inter e subtropicais e conhecimentos sobre as estruturas superficiais de suas paisagens [...]”, com o propósito de poder “redesenhar” os prováveis eixos de expansão e/ou retração dos domínios de natureza durante o flutuante período Quaternário.


Figura 01: Prováveis eixos de expansão da semi-aridez na América do Sul, entre 18.000 e 13.000 A.P., à luz da Teoria dos Refúgios.
Fonte: Ab’Sáber (2000).

A premissa dessa teoria geoecológica, ecogeográfica e biogeográfica, segundo Bigarella et. al. (1975), Ab’Sáber (1988, 2003) e Silva e Viadana (2005), é que durante os períodos glaciais, com a diminuição da quantidade da água em estados líquidos e gasoso (clima seco e regressões do nível do mar), houve a tendência à retração dos ecossistemas, mosaicos de paisagens e domínios de natureza associados a uma maior umidade relativa de ar e solo, o que proporcionou o surgimento de “ilhas de vegetação” florestal densa. Essa fase também é conhecida como período de resistasia (CASSETI, 1995).

O espaço original dessas coberturas vegetacionais passaria a ser ocupado por outras formações que estivessem mais condicionadas com o calor e a falta de umidade (já que essa teoria se aplica à zona intertropical, em especial sul-americana). Em outros termos, houve a retração de florestas e expansão, conseqüentemente, de outros domínios de natureza, como é o caso dos cerrados e caatingas, com seus ecossistemas associados (AB’SÁBER, 2006c).

Em contrapartida, em períodos interglaciais houve tendências à “retomada da tropicalidade”, com o aumento da umidade, já que haveria mais água nos estados líquido e gasoso (mais chuva, maior degelo e conseqüente transgressão marinha), passando a ser estabelecido o equilíbrio ecobiótico necessário para a expansão de domínios de natureza adaptados à umidade. Literalmente, houve expansão de florestas e retração de cerrados e caatingas. Essa fase é conhecida como biostasia (CASSETI, 1995).

No entanto, nesse “jogo” de retrações e expansões de domínios de natureza, algumas espécies animais e, preferencialmente, vegetais acabam por se adaptar ao contexto abiótico de áreas diferentes daquelas de origem
[1] (BIGARELLA et. al., 1975). É o caso de “ajustes” biológicos que espécies de cerrados e caatingas desenvolveram para permanecerem em espaços mais úmidos, como nas Florestas Amazônicas ou mesmo nas Matas Atlânticas (AB’SÁBER, 2006c).

As espécies que resistem e permanecem longe de suas core area são denominadas de relictos, que se organizam e se desenvolvem naturalmente em paisagens de exceção, ou seja, em áreas diferentes dos padrões do domínio de origem, estabelecendo os enclaves florestais, ou apenas enclaves. Esses ambientes, com sua biota e seus elementos abióticos, são cruciais para a compreensão das mudanças ambientais pretéritas, bem como servem como bioindicadores quanto à possibilidade real de modificações das paisagens locais/regionais ligadas às mudanças ambientais em andamento, principalmente as antropogêneses, em que são destacadas aquelas relacionadas à subsistência de grupos distintos, muitas vezes desassistidos pelas políticas públicas.

A Teoria dos Refúgios sofre contestações acerca de sua validade e aplicabilidade científica, principalmente por palinologistas (KIPNIS; SCHELL-YBERT, 2005), os quais afirmam que pode ter havido, em espaços diferenciados e em épocas glaciais, expansão de florestas e retração de outros domínios de natureza. Entretanto, os dados da palinologia se restringem a regiões (no máximo) e na grandiosa maioria das vezes não são passíveis de extrapolação espacial, o que é possível pela teoria aqui discutida.

Ademais, a carência de correlações conceituais entre a palinologia e os fatos geológico-geomorfológicos e a não-observância expressiva às tipologias de paisagem atuais concorrem para a não-explicação satisfatória dos enclaves de cactáceas de Cabo Frio (RJ), os cerrados no seio da Floresta Amazônica e as “ilhas” de vegetação florestal densa, interpenetradas por cactáceas, na Baixada Maranhense

EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS E O ATUAL MOMENTO POLÍTICO BRASILEIRO E MARANHENSE

Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I – Geografia Física (UEMA\CESI\DHG)


Na condição de cientista ambiental, professor universitário e admirador do Dr. Jackson Lago e de todos os que desejam um Maranhão melhor, venho a público manifestar minha humilde opinião sobre os atuais processos políticos brasileiros, em comparação com fatos que se desenvolveram há aproximadamente 65 milhões de anos atrás. E algumas considerações podem ser feitas sobre os acontecimentos:

1) Há aproximadamente 65 milhões de anos antes do presente, os grandes répteis dominavam a Terra. Antes do seu grande processo de extinção ter sido iniciado, esse grupo de répteis gigantes havia assumido todos os grandes nichos ecológicos da Terra, ocupando todos os grandes sistemas ambientais de então. Sua diversidade de ações, estratégias de dispersão e de manutenção, suas forças e seu mecanismo de adaptação às mudanças impostas pelo meio eram simplesmente únicas até aquele ponto da história da Terra;

2) Entretanto, algo começava a mudar. Os continentes estavam se separando e, com eles, o isolamento geográfico de grupos inteiros de espécies animais e vegetais se distanciaram. O nível do mar começava a subir gradualmente, as flores passaram a existir, os terremotos e os processos vulcânicos, pela separação dos continentes, começaram a ser intensificados. Por incrível que pareça, tudo isso, de flores (que representam a esperança de novas eras, como de fato aconteceu) à separação dos continentes, passando aos terremotos e vulcões confluíram para o declínio de uma era inteira de domínio de uma biodiversidade tão "exótica".

3) O meteoro, ou seja, as instabilidades, apenas iniciaram a irreversibilidade do processo de extinção. O impacto foi tão grande que apenas os mais aptos sobreviveram. Uns dinossauros se adaptaram e tiveram mais oportunidades nos tempos de mudança simplemente porque deixaram de lado as velhas características e acabaram por mudar definitiva e irreversivelmente de lado: transformaram-se em aves. Outros, até então em menor número, os mamíferos, ocuparam todos os espaços deixados quase que instantaneamente pelos dinossauros. Se não fosse por isso, nós seres humanos talvez não estivessem aqui...Mais uma vez, culpa de flores e de terremotos.

Na política maranhense, a Era Mesozóica, ou Era dos Dinossauros, se converte em uma oligarquia que está prestes a completar de fato 45 anos. Tudo bem que não foram os quase 200 milhões de anos em que os dinossauros habitaram a Terra, o que não é nada para a história geológica da Terra. Mas 45 anos é um tempo imenso para a história humana, social. Não que as mudanças não aconteceram, claro que sim! Hoje existem pessoas que querem evoluir e levar o nosso mundo, ou o nosso Maranhão, para outro patamar evolutivo. Nos libertamos há três anos, mas não foi pelo meteoro, foi pelos outros processos. Como antes de cair os meteoros começam a lançar chamas e pequenas destruições, estamos em processo de espera, pois são vésperas da vinda do meteoro-mãe que detonará (ou destronará) o rei de todos os dinossauros (o Tiranosaurus rex) e sua rede de relações biológicas (ou seria rede de relações fisiológicas?), dando vida àqueles que lutam pela existência e trarão um novo patamar evolutivo para a história.

Estes ressurgirão das cinzas de um mundo (ou será Estado) esquecido e quase extinto e o colonizarão de forma mais equilibrada, dando possibilidade a todos os que quiserem evoluir mudando os velhos hábitos necrófagos, carniceiros, e vivendo dias de mais esperança e de maior possibilidade de desenvolvimento.

Agora pergunto: o que fazer? Os pequeninos animais que ocuparam a Terra depois do fim dos dinossauros já estavam lá antes destes desaparecerem. Nós já estamos aqui e eles estão desaparecendo. Acredito que a extinção absoluta dos grandes répteis esteja perto de acontecer... Por fim, acho que Política, Biologia e Geologia têm mais coisas em comum do que sonham os quase extintos dinossauros. Viva a capacidade de mudanças! Viva aos novos tempos! Viva à liberdade evolutiva!