sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

BABAÇU: A AMEAÇA GEOECONÔMICA

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Publicado no Editorial do Jornal Pequeno de 06/04/2008
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A propósito das denúncias de devastação dos babaçuais maranhenses e do Projeto de Lei do deputado Carlos Alberto Milhomen que permite a derrubada de babaçuais nas zonas urbanas, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão, Othelino Neto, recebeu do geógrafo e mestre de Sustentabilidade em Ecossistemas, Luiz Jorge B. Dias, Consultor Ambiental Sênior da Secretaria, exposição de motivos através da qual explica as necessidades de articulação de políticas públicas orientadas à região das Matas dos Cocais do Estado do Maranhão.

Trata, dentre outras coisas de políticas públicas voltadas para a conservação do patrimônio ambiental que, conforme Luiz Jorge B. Dias, compreende o desenvolvimento de ações orientadas para as práticas de manutenção dos recursos ambientais. Conforme o geógrafo, as alternativas econômicas conseqüentes da manutenção das Matas dos Cocais em pé são consideradas condições necessárias para garantia das atividades humanas que, por sinal, se mostram bastante sustentáveis.

A polpa do babaçu é utilizada para diversos fins, enquanto a casca pode ser queimada e transformada em carvão, o que evitará o corte progressivo de árvores lenhosas para o exercício de certas atividades. Além disso, o fruto da palmeira do babaçu pode ser utilizado em fornos de usinas termelétricas de pequeno e médio porte e, dependendo da demanda de megawats a ser atingida, os procedimentos de licenciamento tendem a ser mais rigorosos.
Luiz Jorge Dias considera que, embora essa possibilidade seja ainda uma mera especulação, há viabilidade técnica para que ela se articule e se implemente, já que a demanda por energia elétrica tem se maximizado em todo o Estado. Entretanto, para que todas essas atividades sejam ampliadas ou continuem a ser desenvolvidas existem duas exigências técnico científicas: é absolutamente necessário que as Matas dos Cocais a que se articulam os ecossistemas dos babaçuais extensivos, sejam passíveis de conservação e que não haja devastação em qualquer que seja o tipo de espaço, rural ou urbano, de sua cobertura vegetal. Caso não sejam respeitadas essas condicionantes, 25% do território maranhense sofrerá danos ambientais sobre o meio físico, sobre os elementos e sistemas bióticos e sobre atividades humanas concretas Isso provocaria impactos significativos sobre a geração e distribuição de renda em mais de 90% dos municípios maranhenses.

É preciso entender que as Matas dos Cocais abrangem nada mais nada menos que 119 municípios do Centro Oeste e caso o Projeto de autoria do deputado Carlos Alberto Milhomen não seja vetado 118 desses municípios serão atingidos por ondas de calor expressivas com elevação de 2 a 3º C levando à extinção aves, pequenos répteis e animais invertebrados responsáveis pela manutenção das cadeias alimentares e estrutura dos sistemas ambientais. Em outras palavras, são reais as possibilidades de danos ao patrimônio geoambiental e geoeconômico do Maranhão.

Conclui-se de tudo isso que havendo a conservação do patrimônio ambiental disponível, as sociedades humanas terão como desfrutar de novas alternativas econômicas, com aumento da renda disponível. Novas fontes de energia, perfeitamente renováveis e sustentáveis, manterão a biodiversidade como principal parceira para o contínuo desenvolvimento das cadeias produtivas pré-estabelecidas. O Maranhão poderá ter um Plano de Ordenamento Territorial das atividades econômicas e da manutenção de sua biodiversidade.

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