A Baixada Maranhense, segundo Maranhão (2003, p. 22), "[...] corresponde à região rebaixada e alagadiça dos rios Turiaçu, Pericumã, Pindaré e Mearim, marcada por uma rede hidrográfica divagante, com terraços e extensas planícies de inundação e lagos, além da presença de estuários onde ocorre a interação entre as águas fluviais e marinhas [...]".
No que tange aos aspectos geológicos e geomorfológicos da Baixada Maranhense, convém ressaltar que a área está contida numa faixa de contatos entre duas bacias sedimentares, a do Parnaíba ou Maranhão e a Bacia Costeira de São Luís, as quais são meso-estruturas geológicas diferentes, mas com uma história geocronológica comum.
Assim, aquela região apresenta-se como uma área geológica de contato entre tipos rochosos bastante díspares, pois embora esteja a maioria de tal célula espacial assentada sobre a formação Itapecuru, de idade cretácea, não há significativos afloramentos de tal unidade litoestratigráfica, implicando apenas num capeamento sedimentar de aluviões flúvio-marinhos holocênicos (MARANHÃO, 2002). No entanto, cabe ressaltar que, embora haja poucas unidades litológicas aflorantes, o espaço total da Baixada Maranhense sofreu sucessivos processos de (re) modelagens de suas estruturas paisagísticas, o que implica afirmar que há uma riqueza significativa de eventos concatenados que “desenharam” a sua configuração atual, isto partindo de uma abordagem macro-escalar para a escala regional.
Tais pressupostos são visíveis quando se analisa a área numa óptica mais contingente, extravasando-se os seus limites territoriais, alcançando até a Cordilheira dos Andes, e voltando as análises para tempos anteriores ao presente, em especial ao Cretáceo (onde houve a individualização das bacias costeiras, soerguimento dos altos estruturais divisores de bacias, falhamentos nos blocos rochosos da faixa costeira da América do Sul, abertura do Atlântico e “migração” da placa Sul-americana em direção à placa de Nazca), do Terciário (com o soerguimento dos Andes e da faixa costeira brasileira) e do Quaternário (com as flutuações climáticas e os conseqüentes episódios eustáticos, ora transgressivos, ora regressivos; últimos períodos de soerguimento da faixa costeira, que respondem por eventos de neotectônica; e reformulações sucessivas das paisagens).
Ante o exposto, com o rebaixamento por epirogênese da faixa adjacente àquela que sofreu soerguimento (faixa costeira), esta passou a sofrer episódicos eventos transgressivos e regressivos (AB’SÁBER, 1960), que culminaram em processos de degradação das formas de relevo regionais e logicamente deposição de sedimentos provindos de áreas mais elevadas, de tabuleiros pré-Baixada Maranhense e pré-litorâneos de bordas voltadas para a área de rebaixamento, em uma província geomorfológica flúvio-lacustre, que tem origens flúvio-marinhas (DIAS et. al., 2005).
Com uma grande complexidade ambiental, associada aos seus caracteres morfogenéticos, houve uma significativa correlação de tais fatos, com o desenvolvimento de solos diferenciados, com base argilosa, os plintossolos (MARANHÃO, 2002), bastante resistentes à percolação da água, com características voltadas para as condições propícias à inundabilidade das planícies pelos regimes chuvosos, uma vez que a precipitação média da região, segundo a mesma fonte, está compreendida entre 1.600 e 2.000 mm anuais, caracterizando um clima úmido, com duas estações bastante definidas: uma chuvosa (de janeiro a junho) e uma seca (de julho a dezembro).
Ademais, a Baixada Maranhense, pela presença de muitas e vastas áreas inundadas, configura ambientes aptos à formação de diversos tipos de solos, em que se destacam na área, segundo Maranhão (2002) solos hidromórficos lateríticos e sedimentos areno-argilosos (areais quartzosas). Sua profundidade é variável, dependendo da sua saturação com relação ao relevo. Apresenta o horizonte “A”, ligeiramente desenvolvido e maqueado (recoberto), enquanto no horizonte B o material é argiloso, muito intemperizado, rico em sesquióxidos e pobre em húmus.
A paisagem geomorfológica da Baixada Maranhense pode, então, ser compreendida a partir da justaposição de tais processos físicos, onde se destacam formas bem específicas, uma vez que tal região é uma vasta planície flúvio-marinha, com vastas áreas alagáveis durante o período chuvoso, com a monotonia de tal classe morfológica quebrada pela presença isolada de outeiros (AB’SÁBER, 1960; 2004), constituídos na sua grandiosa maioria de rochas sedimentares da formação Itapecuru.
Complementando tais informações, Maranhão (2003, p. 20), em se tratando da zona costeira maranhense (em que a área aqui enfocada se encontra), ressalta que há uma complexidade de fatos geomorfológicos, destacando-se, stricto sensu, terras baixas, tabuleiros e colinas (em pontos limítrofes da Baixada com outras províncias geológico-geomorfológicas), formas de acumulações fluviais, flúvio-marinhas e flúvio-lacustre (estas sendo acrescidas à referência), além de estuários. Fatos relevantes para um breve entendimento do contexto regional de máxima importância para o Estado e carente de planos, programas e projetos estratégicos que visem a melhoria das condições de vida humana e de manutenção dos ecossistemas locais e regionais.
Luiz Jorge Dias
Geógrafo - MSc. Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Geografia Fìsica - UEMA\CESI\DHG
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