quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Potencialidades Paisagísticas do Estado do Maranhão: Aspectos Físicos Preliminares

O Maranhão é um Estado brasileiro de grande importância ambiental, já que nele são presentes vários ecossistemas e regiões naturais de singular beleza e de particulares necessidades de conservação ambiental. Em outros termos, o Maranhão pode ser considerado como um imenso mosaico de faixas de transição e contato entre grandes Domínios de Natureza Brasileiros [conforme poderia afirmar o Prof. Aziz Nacib Ab’Sáber], já que aqui si encontram ambientas bastante notáveis e possui como limites ecológicos a Amazônia, os Cerrados e o Nordeste brasileiros, bem como os Domínios Costeiros.

Os climas maranhenses são muito variados e as características de alguns dos seus tipos de solos são muito boas e favorecem a agricultura e a criação de gado. O Maranhão é o único estado do Nordeste que possui regimes de chuva bastante intensos e a parte Oeste (ou ocidental) maranhense tem características amazônicas. A transição do domínio amazônico em território maranhense se dá para três outros domínios de natureza: o do Brasil Central (ou dos cerrados) e do Nordeste Brasileiro (representando pelo domínio da caatinga, que embora não exista bem representada no Estado, apenas no Piauí, nele se caracteriza uma faixa de transição atualmente representada pelos domínios biogeográficos da mata dos cocais e de uma faixa ao longo do rio Parnaíba conhecida como “carrasco”). O terceiro Domínio é o Costeiro, dotado de originalidades bem marcantes, com uma bem característica presença de manguezais, baixadas costeiras, dunas, restingas, arquipélagos, dentre outros constituintes geográficos presentes na interface terras firmes e mar do Estado.

O Centro-Sul Maranhense possui os cerrados como feição de paisagens bióticas dominantes. Nessa região predominam as formas geológicas e de relevo de clima tropical semi-úmido, as conhecidas chapadas, esculpidas a partir da ação do clima em rochas de idade superior a 70 M.A. (Milhões de Anos), ou seja, de origem na Era dos Dinossauros [Era Mesozóica]. Naquela época, o sul do Maranhão possuiu uma grande concentração de vulcões, que hoje estão inativos. Aí, além dos extesos chapadões, encontram-se cânions e depressões periféricas, que dotam os vastos espaços dos Cerrados Sul-Maranhenses de mosaicos bem definidos de coberturas vegetais e de biodiversidade animal associada.

A Planície Fluvial é, antes de tudo, uma região de transição de altitudes entre a zona costeira e os chapadões do interior do Estado. É um domínio regional onde as altitudes não ultrapassam os 200 metros. Permeia a sua extensão os médios e (partes dos) baixos vales dos grandes rios genuinamente maranhenses, a saber: Pindaré, Grajaú, Mearim, Itapecuru e Munim. Este domínio ambiental tende a, antes de atingir (relativo ao nível do mar) o litoral, passa à condição geográfica de planície flúvio-marinha (ou Baixada Maranhense), configurado os limites da costa maranhense no continente.

A região da Baixada Maranhense é bastante especial, também, por concentrar uma presença considerável de lagos e campos inundáveis ou encharcáveis, além de ser uma área de configuração bastante recente, em termos de tempo geológico e de formas de relevo. O nome planície flúvio-marinha indica que essa região natural teve suas origens a partir dos avanços e recuos do nível do mar, isso especialmente durante os últimos 120 mil anos, indicando que ora a região da Baixada era terra firme, ora fundo de mar, ora um meio termo entre ambos.

A costa maranhense é dividida em três partes [meso-compartimentos de articulação geomorfológica costeiros] principais: a Costa/Litoral Ocidental; o Golfão Maranhense; e a Costa Oriental. A Costa/Litoral Ocidental do Maranhão tem como principais características a presença espacialmente alongada de manguezais, que são típico de áreas litorâneas associadas ao encontro das águas dos rios com o mar. Também se deve lembrar que os manguezais são um verdadeiro berçário natural, além de conter variações de mangue (como o vermelho – predominante, o siriba e o branco). Os portes das árvores destes manguezais atingem até 40 metros de altura, pode-se bem dizer que esses exemplares são dos mais altos do Brasil e mesmo do mundo.

O Golfão Maranhense é uma região específica em se tratando de costa: além de ser a maior reentrância da zona costeira do Estado, é o maior complexo estuarino (ambientes onde os rios se encontram com o mar) do Maranhão, concentrando os estuários dos maiores rios genuinamente maranhenses (numa sentido Oeste – Leste): Pericumã, Sistema Hidrográfico Coalescente do Mearim, Itapecuru e Munim. Sua situação geográfica é preponderante na influência conjunta do mar e dos rios. É nesse espaço que está situada a Ilha do Maranhão, também denominada de Ilha de São Luís. Compreende a região mais populosa do Estado (aproximadamente 1/5 da população maranhense), constituída pelos municípios de São Luís (capital do Estado), São José de Ribamar (“cidade santuário”), Paço do Lumiar e Raposa. O processo de ocupação histórico (da Ilha, de Guimarães, de Alcântara, de Icatu, Humberto de Campos e Primeira Cruz) com sua diversidade de culturas e etnias envolvidas, caracteriza essa região como um verdadeiro “caldeirão cultural”, contextualizando vários tipos de manifestações.

A Costa Oriental Maranhense é bem caracterizada por duas regiões naturais únicas: a presença de extensos campos de dunas fixas e móveis, que culminam no espaço dos Lençóis Maranhenses e o Delta do Parnaíba. O primeiro, os Lençóis Maranhenses são um campo de dunas de grandes dimensões e ausência de grandes rios desaguando no litoral, além de poucas reentrâncias, sendo o litoral mais retilíneo, com domínio das restingas. Um erro grave que é recorrente no marketing turístico que se faz de tal região é de que ela é um deserto. Porém, o que se observa é que deserto é uma área onde há aridez caracterizada (ausência de chuvas ou quase escassez da mesma), algo que por lá não ocorre, já que há alternância entre épocas chuvosas (bastante intensas de janeiro a junho) e secas (julho a dezembro); se este processo não acontecesse, não haveria a formação de lagoas temporárias e/ou permanentes no Parque dos Lençóis.

Já o Delta do Parnaíba é um complexo paisagístico com mais de 80 ilhas, dunas e manguezais; a foz do Rio Parnaíba forma um delta ramificado, que se espalha imitando os dedos de uma mão aberta, por cinco barras - Igaraçu, Canárias, Caju, Melancieira e Tutóia. Ocupa 2,7 mil km2 na divisa Norte entre o Maranhão e o Piauí, sendo que a maior parte, 70%, fica em território maranhense. Na verdade o delta da Parnaíba não é o único delta das Américas, mas, sim, o maior, em se tratando de número de ramificações, formação de ilhas, conjunção de elementos distintos (como dunas e manguezais). É, ainda, o único delta em mar aberto da América, caracterizado por ser um ambiente em que o rio verdadeiramente avança sobre o oceano Atlântico.


Belezas como essas fazem do Maranhão um dos mais ricos estados do Brasil e um dos mais lindos locais do mundo. Infelizmente vem sendo mal-tratado por muitas ações lesivas ao nosso patrimônio ambiental herdado de uma pré-histórias física, ecológica e humana riquíssimas. As ações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais não tem medido esforços na contenção dos processos lesivos aos nossos ecossistemas e sua equipe tem desenvolvido bons trabalhos de conservação da natureza e ajuda na promoção de atividades que visem o desenvolvimento sustentável local e regional. É preciso conhecer mais a sua realidade ambiental e humana para preservamos as suas riquezas.

P.S.: Como os leitores e colegas podem ter observado, não discutimos nesse artigo nenhum aspecto relacionado às Matas dos Cocais. Isso foi estabelecido de propósito, uma vez que nos próximos textos apresentaremos um que versará especificamente sobre temáticas a elas associadas. Aguardem!

Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas

Prof. Geografia Física – UEMA\CESI\DHG

5 comentários:

  1. Bom Dia,
    Meu nome é jaciara de Castro,sou acadêmica do curso de Engenharia Ambiental o qual estou no 2ºperíodo, enquanto pesquisava para elaboração de um trabalho,encontrei sua página o que atraiu muito minha atenção,pela elegância do texto e pela riqueza de informações.
    Aproveitando para registrar minha admiração e solicitando gentilmente que se possível,auxilie-e na elaboração de tal trabalho.
    Caso tenha informações sobre a vegetação de restingas do maranhão,agradeceria muito se enviasse-as para meu e-mail:
    Não deixaria de prestar meus cinceros agradecimentos no trabalho.
    Sds,

    Jaciara de Castro
    Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental-2ºperiodo.
    E-mail:Seguranca.castro@yahoo.com.br/
    jaci23@hotmail.com.br

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  2. ola Luis Jorge, aqui é Aichely da UEMA/CESI, parabéns pelo blog, você faz bem em divulgar a geografia. Quando você aparece na UEMA quero conversa com você .. bj


    Aichely - UEMA/CESI
    GEORAFIA 8ºPERIODO
    aichely@hotmail.com

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  3. ai meu deus, vasculhando a net encontrei mais uma de jorge...aff, é chato ser amiga de vulcano....bjimmm

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  4. professor aqui é o alencar e o valdecir, nós tiramos as fotos que voce pediu, agora só falta voce dar uma olhada nelas.
    UEMA/CESI. V periodo de geografia.

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  5. Olá,Prof. MSc. Luiz Jorge Dias.Sou o Edimilson, sei que seu tempo é precioso, mas gostaria de sua ajuda, se possivel, até hoje a noite. Sou academico do curso de Geografia pela Uema. Tenho quw fazer um trabalho sobre CERRADO Maranhense e cabe a mim falar da potencialidade do Cerrado Maranhense. No entanto, nao acho muito material bom aqui na internet. Se pudesse me enviar algum, ficaria agradecido. A Disciplina é Geo Fisica do Maranhao. Meu email é:edy.amaral2@gmail.com

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