quarta-feira, 27 de maio de 2009

CONTRIBUIÇÕES À EVOLUÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO GOLFÃO MARANHENSE DO PLEISTOCENO SUPERIOR AOS DIAS ATUAIS: SETOR ILHA DO MARANHÃO E ADJACÊNCIAS

KILZA FERNANDA SANTIAGO MORAES
Licenciada em Geografia (UFMA)

PROF. MSC. LUIZ JORGE DIAS
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas (UFMA)
Professor Auxiliar I – Geografia Física – UEMA\CESI\DHG


INTRODUÇÃO: Para se falar em Quaternário, convém dizer que o mesmo é o segundo período geológico da Era Cenozóica, tendo início há mais ou menos 1,8 M.A. É subdivido em duas épocas: o Pleistoceno, que varia de mais ou menos 1,8 M.A. a algo em torno de 12.700 A.P., onde se pontua o começo do Holoceno, que se desenvolve até os dias atuais.

As variações climáticas e morfológicas (derivadas das primeiras) quaternárias têm origem, em especial, nos fenômenos glaciais globais (ou glaciações) ocorridos durante este “breve” tempo geológico. Em se tratando de aspectos morfológicos, o que Penteado (1983), Christofoletti (1980, p. 142-146) e Ab’Sáber (2003a, p. 45) afirmam é que ocorreram flutuações significativas do nível do mar, a partir do início do Pleistoceno Superior (± 40.000 A.P.), caracterizando processos eustáticos ora transgressivos, ora regressivos, indicando diferenciações em dinâmicas de intemperismo, erosão e sedimentação (agradação ou progradação) da linha de costa, do litoral (in stricto sensu) e mesmo da própria plataforma continental.

Em vista das citadas dinâmicas ambientais ocorridas durante esse período geológico, verifica-se que há uma grande necessidade de se estudá-lo para que se possa entender as manifestações naturais no globo, em especial no que tange à configuração costeira e em todas as relações existentes neste fragmento do espaço regional. Em síntese, verifica-se que os estudos do Quaternário têm por objetivo a busca da compreensão da gênese e dos processos intrínsecos às dinâmicas ambientais atuais.

METODOLOGIA: O presente trabalho foi desenvolvido através de análise de referencial bibliográfico atinente ao tema de estudo. Ademais, foram procedidas visitas de reconhecimento dos processos geológicos e geomorfológicos atuantes na Ilha do Maranhão, em especial a sua franja costeira: praias de Ponta D’Areia, São Marcos, Calhau, Raposa (Baía de São Marcos), Panaquatira e Juçatuba (Baía de São José). Interpretou-se, ainda, cota DSG (1976) da Ilha do Maranhão.

RESULTADOS: Ab’Sáber (1960) foi um dos primeiros a observar e diagnosticar cientificamente a complexidade da evolução geomorfológica do Norte Maranhense, em especial do setor Golfão Maranhense e adjacências. Durante os ultmios 40.000 anos, o nível do mar, em função da glaciação de Wurm-Winsconsin, sofreu vários efeitos, ora regressivos, ora transgressivos, configurando, por diversas vezes linhas de costa, costas e litorais diversificados, denotando diversos aspectos morfológicos em um geologicamente curto intervalo temporal.

Foi justamente no último significativo episódio transgressivo, iniciado a partir de 12.700 anos A.P. (antes do presente) que as condições climáticas regionais passaram por grandes variações e as florestas perenifólias passaram a se expandir, migrando, inclusive para a porção continental que seria futuramente insulada, configurando a Ilha do Maranhão (este elemento analítico é confirmado pela presença de floresta perenifólia densa na Ilha, em especial em seus testemunhos biogeográficos presentes na Área de Proteção Ambiental do Bacanga (de porte amazônico, com vegetação mista). Ademais, há que se aportar ainda ao contexto de que todas as paisagens litorâneas e costeiras observadas na Ilha do Maranhão datam do Quaternário Superior (Formação Açuí), sendo de idade holocênica, onde se processaram variações consideravelmente abruptas de configuração geomorfológica, já que o nível dos mares no último episódio transgressivo se eleva de –100 metros a + 3,0 metros (isto entre 12.700 e 5.500 anos A.P.).

CONCLUSÕES: Foram diagnosticados outros efeitos geomorfológicos neste setor, como: o surgimento de faixas de restingas e campos de dunas, denotando em processos de agradação da linha de costa pelo acúmulo sedimentar, fato responsável, por exemplo, pela morfogênese da Ilha de Curupu, situada no município de Raposa (ao Norte da Ilha do Maranhão). Ocorreu, ainda, o afogamento dos cursos inferiores de rios e configuração da faixa litorânea da Ilha do Maranhão e do Golfão Maranhense (entre 5.500 anos e 2.500 anos A.P.), com suas principais feições morfológicas: igarapés; estuários; pontais rochosos; depósitos de tálus; acúmulo de rochas em declives abruptos e rochosos; falésias (pontos de grande altitude, em se tratando das médias do Golfão); planícies de marés lamosa e arenosa; praias; dunas; ambientes dominados por mangues, marismas e vegetação de restinga (em paleodunas); bancos e cordões arenosos; restingas; enseadas; baías; tabuleiros sedimentares e colinas dissecadas.

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Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Evolução Geomorfológica; Golfão Maranhense; Ilha do Maranhão e Adjacências.

Texto extraído do site: http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/senior/RESUMOS/resumo_531.html.

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