domingo, 21 de junho de 2009

REFLEXÕES SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL

Prof. MSc. Luiz Jorge Dias
Geógrafo – Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Auxiliar I de Geografia Física (UEMA\CESI\DHG)


Desde o início da última década, de forma significativa, muito se especulou sobre as mudanças climáticas e quais suas implicações prováveis sobre as dinâmicas de paisagens e desenvolvimento da vida na Terra. Obviamente, isso foi estabelecido, em especial, pela observância de teorias ao aquecimento global, principalmente nas influências antropogênicas que o clima terrestre, em escala global, poderia sofrer (LOMBORG, 2002).

Tais elucubrações se ativeram em grande parte ao aumento da concentração de dióxido de carbônico (CO2) na atmosfera, no incremento de aerossóis, além da destruição (induzida pelas atividades humanas) da camada de ozônio (O3), haja vista a reação de tal composto químico com a presença de clorofluorcarbonos (CFCs) em suspensão (AYOADE, 2001), atingindo a estratosfera. Esses argumentos, que também foram adotados como parâmetros para o desenvolvimento de modelos matemáticos e algoritmos (computacionais), conhecidos como MCGs (Modelos de Circulação Geral da Atmosfera-Oceano).

Os MCGs, a partir de suas rotinas de execução e das variáveis adotadas no/para o se processamento, indicam cenários possíveis de se desenvolverem ao nível global frente à probabilidade de acontecerem mudanças climáticas significativas, me torno de aumento da temperatura do planeta. Portanto, quando se estabelece um MCG e se retira ou coloca variáveis para incrementar o seu poder de previsão de novos quadros (cenários) de paisagem e de configuração espacial está-se, de fato, tentando mostrar viabilidades de manifestação de impactos sobre o sistema Terra.

No entanto, críticas são procedidas a determinadas metodologias adotadas pelo Painel Inter-governamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC, na sigla em inglês), haja vista a não-adoção de variáveis significativas que mais bem poderiam indicar quantitativa e, por conseguinte, qualitativamente quais, de fato, seriam as conseqüências de um provável aumento da temperatura média global.

Cenários catastróficos foram preditos, o que causou um verdadeiro frenesi nas comunidades científica e leiga, em especial no que tange à elevação do nível do mar pelo derretimento massivo de geleiras e calotas, arrasamento de cidades costeiras, aumento da incidência de tempestades e furacões (tanto em quantidade, quanto em intensidade), isso tudo, além de outros impactos significativos, a partir da possibilidade de se incrementar a temperatura média do planeta entre 1,4-5,8ºC (IPCC, 2001 apud LOMBORG, 2002, p. 327).

No entanto, Lomborg (2002) atém-se ao fato de que nos modelos adotados pelo IPCC não há observância a elementos climáticos que derivariam em mudanças de previsão de cenários para até o final do século XXI, uma vez que se considera que o principal “vilão” do aquecimento global é a grande e exponencial concentração de CO2 na atmosfera, atribuída às atividades industriais procedidas desde o século XVIII.

Tal autor mencionado reflete sobre a significância relativa desse gás para o aumento da temperatura média da Terra, ainda fazendo relações com os desenvolvimentos climatológicos heterogêneos ocorridos nos últimos um milhão de anos (desde o Quaternário antigo), até os dias atuais. Ademais, Lomborg (2002) tece comentários sobre a participação do CO2 em cada compartimento atmosférico e conclui que o efeito estufa natural pode e é afetado pelas atividades humanas. Entretanto, não tão significativa e catastroficamente como previsto nos modelos e relatórios do IPCC.

A variação, pois, de temperatura acontecerá, sim, tal como a variação do nível do mar e o desencadeamento de outros problemas socioambientais correlatos. Contudo, serão tais processos mais tênues do que se poderiam esperar, uma vez que com a adoção de mais variáveis para se proceder a uma melhor análise das mudanças climáticas há que se detalhar e descobrir elementos essenciais a cada compartimento atmosférico, terrestre, antrópico, hídrico e oceanográfico (LOMBORG, 2002; PEARCE, 2002).

Tais elementos são a concentração de nuvens, bem como a gênese e desenvolvimento de núcleos de condensação; a participação de outros compostos gasosos no efeito estufa e/ou na diminuição (ou freio) da temperatura, caso este do sulfato; a presença de aerossóis, vapor d’água e outros particulados atmosféricos; dentre outros (LOMBORG, 2002; PEARCE, 2002).

Portanto, há cada vez mais carências metodológicas para serem supridas nas pesquisas científicas, uma vez que a precisão técnico-científico-informacional é quem vai (ou poderá) indicar a seriedade das tomadas de decisão, as quais serão implicadas para todo um conjunto e complexo social, cultural, econômico e ambiental, de um sentido macroescalar para a escala local.

Referências

AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 332 p.

LOMBORG, B. O ambientalista cético. Rio de Janeiro: Campus, 2002. p. 311-329.

PEARCE, F. O aquecimento global: causas e efeitos de um mundo mais quente. São Paulo: PUBLIFOLHA, 2002. 72 p.

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