Prof. Luiz Jorge B. Dias
Geógrafo - MSc. Sustentabilidade de Ecossistemas
Professor de Geografia Física - UEMA\CESI\DHG
Geógrafo - MSc. Sustentabilidade de Ecossistemas
Professor de Geografia Física - UEMA\CESI\DHG
Atualmente, em termos acadêmicos, têm-se voltado bastante a ótica analítica de aspectos sociais para a tônica do desenvolvimento das relações produtivas humanas atreladas a um modus operandi e a um modus vivendi, onde, neste contexto, se encaixam comunidades tradicionais, que, para sua sobrevivência e manutenção, sempre utilizaram dos recursos ambientais disponíveis de forma tantas vezes predatória, o que aporta na insustentabilidade das mesmas em certas profundidades de tempo (escalas). No entanto, este ato de aproveitar de tais meios de existência faz com que haja uma marca de grupos sociais nos ambientes ocupados/utilizados.
Perante o referido argumento, contextualiza-se a necessidade metodológico-prática de se ater ao estudo das relações pautadas entre o homem (subentenda-se sociedade) e os recursos ambientais disponíveis na Baixada Maranhense, sendo estes de caráter tanto abiótico, como, em especial, relativos à diversidade biológica disponível. Ademais, concentram-se as análises em um contexto voltado para a tríade natureza, produção (trabalho) e cultura, aproximando suas abordagens dos quesitos analisados/discutidos em termos de Antropologia e Ecologia Humana, as quais se caracterizam como disciplinas auxiliares a esta que é ressaltada neste texto, o que se faz enaltecer com os esclarecimentos trazidos pela Geomorfologia Antropogenética (DIAS, 2004; DIAS; FERREIRA, 2004).
Esta, por seu turno, indica e analisa como o homem, impregnado dos valores e recursos tecnológicos que a sociedade em que está inserido lhe proporciona, pode ser um agente modelador do relevo e, portanto, de transformação de paisagens, com a finalidade de se construir (ou reproduzir) espaços pelo seu trabalho, alterando dinâmicas naturais do modelado das formas, materiais e processos do estrato ambiental, “desviando”, ou melhor, desvirtuando, os sistemas naturais em função de suas necessidades. Quanto maiores forem em termos escalares as intervenções humanas sobre um dado local, maiores serão os efeitos produzidos.
No caso específico da Baixada Maranhense, observa-se o fato de que há uma certa propensão de uso e ocupação do solo, ou seja, de reprodução do fato urbano, em áreas de tesos não inundáveis, uma vez que os mesmos favorecem a aplicação de menores gastos e recursos. Ao contrário, as zonas rurais se localizam em domínio paisagístico de planícies de inundação, as quais são remodeladas sazonalmente pelos regimes de cheia e vazante.
Ademais, os ambientes geomorfológicos têm respostas distintas às alterações socialmente impostas, o que implica em maiores possibilidades de desenvolvimento de danos ambientais. Seguindo tal veio de raciocínio, a Geomorfologia Antropogenética se faz tão importante pelo fato central de compreender esforços explicativos tanto dos estudos da “Geografia Física”, quanto da “Geografia Humana” da região da Baixada Maranhense.
Outrossim, se ressalta a importância analítica de se destacar analiticamente a compreensão da dinamicidade intrínseca aos fatos urbanos ou intra-urbanos, com possibilidade de mapeamentos com riqueza de detalhes das potencialidades do solo e suas formas atuais (ou mesmo evolutivas, processuais) de uso e ocupação, proporcionando um melhor conhecimento estrutural e escultural do ambiente físico sobre o qual se assenta o fato urbano para que se possa vir a melhor embasar as formas de se poder corretamente verificar as problemáticas ambientais inseridas no espaço, tendo a proposta de planejamento territorial integral da região da Baixada Maranhense. Da mesma forma, convém, enquanto proposta factível, exercer caráter metodológico similar face às áreas rurais, uma vez que são tais espaços tão carentes de mapeamentos quanto são as áreas urbanas.
Ao se destacar as relações de produção humana da Baixada Maranhense, mesmo que no sentido de subsistência, e sobrepor a este fato socioeconômico modelos ou padrões de vida sociais e/ou culturais, somados à disponibilidade de recursos ambientais, tem-se a possibilidade de se notificar como o homem interfere em ecossistemas bem definidos (em termos de história evolutiva) e até que ponto, segundo as técnicas utilizadas para realizar tal propósito, podem tais atividades ser equilibradas (sustentáveis) ou passíveis de proporcionar a exaustão dos subsídios ambientais à existência de grupos sociais. Exemplos bem marcantes estão centrados nos quesitos de inserção de espécies exógenas nos diversos ambientes da região, citando-se o búfalo e o camarão gigante da Malásia, que destroem a cadeia alimentar local, proporcionam extinções pontuais e migrações sucessivas de espécies nativas, o que implica em mudanças de hábitos, ou de modus vivendi, humanos.
Ante o exposto, verifica-se que há uma consonância de tal processo com os ciclos produtivos socioeconômicos da Baixada Maranhense, associados à sua dinâmica histórica de ocupação e à diversidade ambiental (destacando-se a biodiversidade) que configura tal espaço total regional. A inserção de técnicas de manejo de solo, bem como os principais produtos cultivados, associados ao conhecimento de mundo das populações tradicionais, analisados cientificamente, podem encaminhar a uma compreensão mais próxima do fato real.
Ademais, tal contexto tanto pode ser abarcado para aquela região, quanto para seus “fragmentos territoriais”, como são os casos das unidades municipais que têm autonomia para diagnosticar as dinâmicas físicas e ecológicas de seus espaços, isto, logicamente, atrelado a uma compreensão da diversidade histórica de uso e ocupação do solo disponível e seus manejos tradicionais (relativos ao cultivo do algodão e de culturas de subsistência, como o arroz, o milho e a mandioca, além da construção dos fatos urbanos locais), associados à prática extrativista (animal, vegetal e mineral), destacando os componentes étnico-culturais bastante presentes na Baixada Maranhense, os quais devem ser abarcados numa abordagem que vislumbre o conhecimento das relações humanas de produção espacial daquela realidade regional.
Ante tal perspectiva, faz-se necessária a análise do espaço em questão à luz do reconhecimento dos quesitos de práxis social das comunidades locais, sendo tal componente relacionada com aqueles de caráter ambiental. Para tal, condiciona-se a pesquisa da realidade etnobiológica de Anajatuba aos passos metodológicos propostos por Pinheiro (s/d) e adaptadas para o presente contexto analítico:
1) descrição dos ecossistemas locais/regionais (ou da realidade do seu estrato ambiental);
2) decodificação do corpus do produtor, em que se enaltece o conteúdo humano de modificação da estrutura superficial das paisagens locais, tendo em vista
3) a apropriação dos espaços, em virtude das necessidades da socioeconomia necessária à sustentação e/ou subsistência dos grupos sociais locais, diferenciando as formas de apropriação dos espaços, tanto em termos de cidade, quanto de campo (zonas urbana e rural), avaliando os impactos gerados por tais processos de utilização de recursos;
Ademais, se enaltece o valor do mapeamento de unidades de paisagem e do uso e ocupação do solo no município, auxiliado por técnicas de sensoriamento remoto e de computação gráfica. Com isto, espera-se alcançar a compreensão de como os grupos sociais da Baixada Maranhense interferem nos ambientes contidos em seu território, tendo em vista a proposta de se compreender se há impactos significativos das atividades humanas nos ecossistemas do município (verificando se há ou não sustentabilidade dos mesmos), bem como visualizar a possibilidade de formalização e implantação de políticas públicas que normalizem do uso e ocupação do espaço, tanto em termos de zona urbana, quanto a rural.
gostéi muito parabéns.
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