Prof. MSc. Luiz Jorge B. Dias
Geógrafo – Mestre em
Sustentabilidade de Ecossistemas
Prof. Substituto de
Geografia Física – UFMA\CCH\DEGEO
Prof. Auxiliar I de
Geografia Física – UEMA\CESI\DHG (licenciado)
1 INTRODUÇÃO
No
desenvolvimento das atividades profissionais de um bacharel ou licenciado em
Geografia, a identificação teórico-pragmática dos principais elementos físicos,
ecológicos e sociais (em todas as suas vertentes) que compõem um território é
imprescindível. Destarte, em seu processo formativo, os futuros profissionais
dessas áreas, bem como daquelas correlatas, o alunado deve estar imerso em
trabalhos de campo que proporcionem, no final das disciplinas, a associarem os
conhecimentos adquiridos em âmbito conceitual com os fatos presentes na
realidade espacial em que estiver inserido.
Com base
nessa reflexão, a disciplina de Biogeografia oferecida pela Coordenação do
Curso de Geografia aos discentes da Universidade Federal do Maranhão busca
entender os seguintes elementos conceituais:
a) distribuição das formações vegetais, bem como de suas faunas associadas,
em diversas escalas espaciais;
b) reconhecer processos físicos e humanos, com suas respostas ecológicas e
biogeográficas presentes na paisagem geográfica;
c) entender as dinâmicas e sistemas de expansão e retração de coberturas
vegetais, em diferentes profundidades de tempo, com vistas à integração de
conhecimentos sobre as atividades humanas e seus impactos derivados.
Por
conseguinte, a supracitada Disciplina Acadêmica, é atualmente considerada como
indispensável ao planejamento e
ordenamento territoriais. Seu caráter integrador e transdisciplinar tende a
proporcional um maior entendimento inter-relacional dos elementos que compõem o
trinômio conceitual e prático básico da Geografia: paisagens, espaços e
territórios.
Assim, na
condução desses créditos, com vistas a uma maior integração entre o alunado e a
realidade maranhense no tocante à Biogeografia, foi proposto para os dias 12 e
13 de abril de 2013 trabalho de campo para o reconhecimento dos principais
processos e feições biogeográficos presentes no espaço total Centro Norte
Maranhense, envolvendo as seguintes áreas:
a) Baixo-Vale do Rio Itapecuru (Itapecuru-Mirim e Santa Rita);
b) Médio-Vale do Rio Munim (Nina Rodrigues, Vargem Grande, São Benedito do
Rio Preto, Urbano Santos e Chapadinha); e
c) Margem Esquerda do Baixo-Vale do Rio Mearim (Arari).
Como meta
principal, estabeleceu-se o reconhecimento dos padrões de dispersão de
paisagens associadas a faixas de transição e contatos (AB’SÁBER, 2003; DIAS,
2012) em território maranhense, especificamente entre os Biomas Costeiros, as
Florestas Amazônicas, os Cerrados e as Caatingas, visíveis nos transectos descritos
anteriormente, haja vista a presença de matas
de cocais extensivos mistos (com babaçuais e com carnaubais predominantes) e de campos em planícies inundáveis.
Parte-se do
pressuposto que as alterações naturais nos ambientes passíveis de
reconhecimento são condição sine qua non
para a sua configuração. Contudo, as perturbações dos sistemas ambientais locais
e regionais pelas atividades humanas demonstra-se como importante elemento
analítico para a compreensão das dinâmicas biogeográficas e ecológicas atuais
nas áreas de reconhecimento técnico-científico já referidas.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS EM TRABALHO DE CAMPO
Os trabalhos
de campo serão baseados no método estruturalista,
com ênfase na Teoria Geral dos Sistemas – TGS (BERTALANFY, 1973) e na Teoria
dos Geossistemas (SOCHAVA, 1977; BERTRAND, 2004), com vistas ao entendimento
das componentes ambientais integradas do espaço total visitado, sob a
perspectiva analítica da Biogeografia como ciência
ou disciplina transdisciplinar e indispensável para o planejamento e ordenamento dos territórios.
Ademais,
será adotada a concepção ecodinâmica
de Tricart (1977), que indica as possibilidades de entendimento dos elementos
das paisagens, de maneira única, a partir de sua tipologia conjugada, gerando
espaços/paisagens instáveis (sujeitos a perturbações ambientais graves),
intergrades (ou seja, que estejam em processos de atuação de danos ambientais
moderados) e estáveis (cujos sistemas ambientais estejam em equilíbrio
dinâmico). A Teoria dos Redutos e Refúgios
(VIADANA 2002; AB’SÁBER, 2003) será enfocada com detalhes, evidenciando as
coberturas vegetais de ecótonos (ou seja, de faixas de transição e contatos
entre domínios de natureza).
Para
auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos, serão utilizados os seguintes
equipamentos:
a) GPS Garmim Legend-HCX, com precisão de ± 3,0 metros;
b) Altímetro barométrico, com precisão de 1,0 metros;
c) máquina fotográfica digital;
d) prancheta para auxiliar na redação de informações indispensáveis a serem
relatadas durante a jornada de campo.
3 ESCOPO DOS TRABALHOS E ROTEIRO BÁSICO EXPLICATIVO EM CADA PONTO DE
PARADA
Serão
abordados temas gerais, num primeiro momento de explicações técnicas, acerca do
principais conjuntos de formações vegetais presentes em território maranhense,
com base em Muniz (2006). O conjunto de atividades de campo seguirá apresentado
com a seguinte estrutura conceitual:
a) 12/04/2013 (Trecho 01):
visitas a diversas localidades presentes em São Benedito do Rio Preto e Urbano
Santos (manhã) e em Chapadinha e Vargem Grande (tarde);
b) 13/04/2013 (Trecho 02):
visitas a diversas localidades em Vargem Grande, Nina Rodrigues e
Itapecuru-Mirim (manhã) e Arari (tarde).
Nesse contexto,
o Trecho 01 (manhã) apresentará
intrincados processos biogeográficos de adaptações das floras atuais às configurações
de relevo e à base geológica, com extensão de Cerrados em direção a dunas
costeiras. Representa uma interessante dinâmica adaptativa dos Cerrados
Brasileiros em ambientes pré-costeiros, bem como congrega rica biodiversidade,
manifestada pela diversidade de paisagens. Observam-se, ainda, relictos de vegetação
de tempos anteriores ao presente. Avaliam-se, ainda, impactos das atividades de
plantios de florestas homogêneas (eucaliptais) em locais de criticidades
socioambientais patentes (SANTOS et. al., 2012).
No Trecho 01 (tarde), os processos de uso e
ocupação de terras pressionados pelas atividades socioeconômicas de mercados
interno e externo serão analisados, em que pese em seu potencial de conversão
dos sistemas ambientais naturais, com seus diversos ecossistemas, em unidades biogeográficas e ecológicas denominadas
de agroecossistemas (AB’SÁBER, 2006),
ou seja, conjuntos bióticos e abióticos originais que foram transformados
extensivamente por atividades agropecuárias ou silvícolas, em função das
demandas das sociedades humanas, em diversas escalas. As mudanças climáticas
regionais podem ser sentidas, considerando ser essa área um conjunto de faixas
de transição e contato Cerrados – Caatingas, cuja biodiversidade é cada vez
menor.
No Trecho 02 (manhã) o principal elemento
analítico será a compreensão das Matas de Cocais no Norte do Estado do Maranhão.
As Matas de Cocais com Babaçuais
Extensivos e as Matas de Cocais Mistas
com Presença de Carnaubais são visíveis como importantes elementos da
paisagem biogeográfica regional, com fortes impactos positivos para as
atividades humanas de subsistência (DIAS, 2008). As formas de utilização dessas
coberturas vegetais, bem como sua distribuição espacial, são conhecimentos razoáveis
para elencar possíveis atividades de desenvolvimento social, aliados à proteção
da biodiversidade.
Por fim, no
Trecho 02 (tarde) serão tratadas as
principais problemáticas relativas à Baixada Maranhense, região natural úmida de relevante importância para o Estado e para
o Brasil (DIAS, 2006), em que pesem: a) usos inadequados dos espaços disponíveis
para atividades agropecuárias, urbanas e turísticas/veraneio; b) pressões
sistemáticas das atividades econômicas regionais no intuito de conversão de
ecossistemas naturais em ambientes antropogênicos; c) diminuição das coberturas
vegetais nativas; d) ampliação do estresse hídrico regional, em função da ausência
dos componentes bióticos pré-existentes. Na localidade Curral da Igreja, onde
começa geograficamente a Baía de São Marcos (alto estuário do Rio Mearim), serão
analisados empiricamente os elementos paisagísticos que atualmente condicionam à
diminuição da intensidade e força de um fenômeno natural típico da Zona Costeira Amazônica, a pororoca.
Ao final da
jornada de campo, serão levantadas discussões acerca da importância dos estudos
dos espaços geográficos à luz da Biogeografia, enfocando os seguintes
contextos:
a) planejamento e ordenamento das atividades humanas locais e regionais;
b) dinâmicas ambientais em áreas de susceptibilidade naturais à baixa
resiliência frente aos impactos antropogênicos em curso;
c) recomposição de elementos paisagísticos indispensáveis à proteção da
biodiversidade, bem como das relações socioeconômicas locais e regionais.
4 DISCUSSÕES PÓS-TRABALHOS DE CAMPO
A partir
dos conhecimentos adquiridos em sala de aula e em jornada de campo, sugere-se
ao corpo discente que proceda às seguintes reflexões temáticas acerca dos
elementos apresentados e discutidos:
a) como a pesquisa científica nas áreas visitadas pode contribuir para a
manutenção da integridade dos mosaicos de ecossistemas regionais, dispostos em
duas regiões naturais tão distintas?
b) as Educação para o Ambiente não é a única, nem a última, saída para a
recuperação de espaços perturbados local e regionalmente pelas ações humanas. Contudo,
como se poderá propor, com uma perspectiva pragmática, mudanças nas práticas
socioeducativas para as questões ambientais regionais, enfocando as próprias características
e problemas conjunturais dessas áreas visitadas? Como a Universidade pode se
aliar a esse processo crítico, reflexivo e prático?
c) existem políticas públicas em vigor que possam garantir a manutenção das
condições ambientais das áreas visitadas? Caso positivo, quais são e por que não
têm surtido os efeitos desejados?
REFERÊNCIAS
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_______. Necessidades
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Acesso em: 09.abr.2013.
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comunidades rurais do município de Urbano Santos (MA). Reunião Anual da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), 64, 2012. Anais... São Luís: UFMA, 2012. 02 p. Disponível
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Acesso em: 09.abr.2013.
SOCHAVA, Viktor B.. O estudo de geossistemas. Métodos em Questão, São Paulo:
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VIADANA, Adler Guilherme. A teoria dos refúgios florestais aplicada ao Estado de São Paulo. Rio
Claro: Edição do Autor, 2002. 71 p.
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