Um aquecimento global de 4ºC deve ter consequências dramáticas para a América Latina e pode subir as temperaturas na região amazônica Estado de Minas
De O Estado de Minas
Um aquecimento global de 4ºC deve ter consequências dramáticas para a América Latina e pode subir as temperaturas na região amazônica entre 8ºC e 10ºC, o que levaria à destruição de grande parte da floresta, de acordo com um novo estudo do Departamento de Meteorologia britânico (Met Office). O cenário catastrófico pode se tornar realidade já em 2060 – quatro décadas antes do previsto pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC).
“Nas nossas melhores estimativas, um aquecimento global de 4ºC aconteceria na década de 2070. Mas em uma situação extrema plausível isso poderia acontecer em 2060”, disse à BBC Brasil o pesquisador Richard Betts, do Hadley Centre, a unidade do Met Office que estuda mudanças climáticas.
Os novos modelos climáticos computadorizados do Hadley Centre foram divulgados durante uma conferência na Universidade de Oxford e simulam situações em que altas emissões de dióxido de carbono são amplificadas pelo efeito de retroalimentação (feedback) dos ciclos de carbono.
Este é o nome dado por cientistas aos ciclos de absorção e liberação de carbono por florestas e oceanos. As simulações apresentadas em Oxford indicam que a Amazônia é uma das regiões que mais vai sofrer com o aquecimento global. No entanto, para o cientista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aquecimento global de 4ºC elevaria a temperatura na região amazônica em cerca de 5ºC. “Este tipo de acréscimo na temperatura já seria pior do que os cenários mais extremos do IPCC”, disse Marengo à BBC Brasil.
Nordeste
Segundo ele, outros modelos indicam que “a probabilidade de um aquecimento de 3,3ºC até 2100 é maior que 50% em um cenário de altas emissões”. José Marengo já aplicou uma versão do modelo climático desenvolvido pelo Hadley Centre sobre um cenário de altas emissões para investigar as conseqüências desse aquecimento global de 3,3ºC no Nordeste. O cientista do Inpe descobriu que o acréscimo seria ainda mais dramático na “região mais vulnerável às mudanças climáticas no Brasil, uma das mais vulneráveis da América do Sul”. O estudo de Marengo indica que até 2100 as chuvas no Nordeste seriam reduzidas entre 40% e 60% em comparação com os níveis atuais. Além disso, a duração média da temporada seca saltaria de 12 dias para 30 dias por ano, aumentando o risco de estiagens, e a área utilizável para plantações de grãos como arroz, feijão e soja também cairia significativamente.
Hidrelétricas
Marengo afirma estar particularmente preocupado com os impactos sobre a geração de energia hidrelétrica. Ele cita como exemplo disso a Bacia do Rio São Francisco, que deve registrar uma redução de cerca de 25% no volume d’água, o que afetaria severamente a produção de eletricidade da região. Além disso, o pesquisador do Inpe lembra que a densidade demográfica no Nordeste é muito maior do que na Amazônia. Os impactos das mudanças climáticas sobre pequenos produtores rurais levariam a movimentos migratórios.
O novo estudo do Hadley Centre mostra fortes variações na subida de temperatura e no regime de chuvas nas várias regiões do planeta. Na América Central, as consequências do aquecimento global são menos disputadas. “Deve ser registrada uma queda de pelo menos 20% no volume de chuvas lá, na hipótese de 4ºC”, afirmou Betts. Mais ao sul do continente, na região da Argentina, por exemplo, a previsão é de um aumento nas chuvas.
Caribe
Na conferência de Oxford, outros cientistas apresentaram estudos que indicam consequências graves para as regiões mais baixas da América Latina e do Caribe, na hipótese de um aquecimento de 4ºC. O cientista Stefan Rahmstorf, do Instituto de Potsdam, na Alemanha, afirmou que um aquecimento neste nível elevaria o nível do mar entre um metro e 1,3 metro até 2100 em relação aos níveis de 1990.
Os países mais ameaçados pela subida dos oceanos são Guiana, Suriname, Belize, Jamaica, Equador e o território da Guiana Francesa, além da Península de Yucatán, no México. O Met Office também apresentou mapas na conferência que mostram que grande parte dessas áreas já estão enfrentando a elevação do nível do mar. A comunidade científica concorda ser possível se preparar para enfrentar o problema porque a elevação acontece vagarosamente. No entanto, a combinação de ressacas, furacões de maior intensidade e a elevação do nível oceânico pode provocar problemas mais imediatos.
Desde o fim da década de 90, as emissões de gases do efeito estufa vêm ficando próximas às previsões mais extremadas do IPCC. No seu relatório de 2007, o IPCC afirma que, na pior das hipóteses, a temperatura global subiria 4ºC até o fim do século, caso a emissão de gases do efeito estufa continuasse a crescer, embora um aquecimento maior não tenha sido descartado. No mesmo relatório, o painel de cientistas convocado pelas Nações Unidas recomenda limitar o aquecimento global a 2ºC para evitar conseqüências “potencialmente dramáticas” das mudanças climáticas.
De O Estado de Minas
Um aquecimento global de 4ºC deve ter consequências dramáticas para a América Latina e pode subir as temperaturas na região amazônica entre 8ºC e 10ºC, o que levaria à destruição de grande parte da floresta, de acordo com um novo estudo do Departamento de Meteorologia britânico (Met Office). O cenário catastrófico pode se tornar realidade já em 2060 – quatro décadas antes do previsto pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC).
“Nas nossas melhores estimativas, um aquecimento global de 4ºC aconteceria na década de 2070. Mas em uma situação extrema plausível isso poderia acontecer em 2060”, disse à BBC Brasil o pesquisador Richard Betts, do Hadley Centre, a unidade do Met Office que estuda mudanças climáticas.
Os novos modelos climáticos computadorizados do Hadley Centre foram divulgados durante uma conferência na Universidade de Oxford e simulam situações em que altas emissões de dióxido de carbono são amplificadas pelo efeito de retroalimentação (feedback) dos ciclos de carbono.
Este é o nome dado por cientistas aos ciclos de absorção e liberação de carbono por florestas e oceanos. As simulações apresentadas em Oxford indicam que a Amazônia é uma das regiões que mais vai sofrer com o aquecimento global. No entanto, para o cientista José Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aquecimento global de 4ºC elevaria a temperatura na região amazônica em cerca de 5ºC. “Este tipo de acréscimo na temperatura já seria pior do que os cenários mais extremos do IPCC”, disse Marengo à BBC Brasil.
Nordeste
Segundo ele, outros modelos indicam que “a probabilidade de um aquecimento de 3,3ºC até 2100 é maior que 50% em um cenário de altas emissões”. José Marengo já aplicou uma versão do modelo climático desenvolvido pelo Hadley Centre sobre um cenário de altas emissões para investigar as conseqüências desse aquecimento global de 3,3ºC no Nordeste. O cientista do Inpe descobriu que o acréscimo seria ainda mais dramático na “região mais vulnerável às mudanças climáticas no Brasil, uma das mais vulneráveis da América do Sul”. O estudo de Marengo indica que até 2100 as chuvas no Nordeste seriam reduzidas entre 40% e 60% em comparação com os níveis atuais. Além disso, a duração média da temporada seca saltaria de 12 dias para 30 dias por ano, aumentando o risco de estiagens, e a área utilizável para plantações de grãos como arroz, feijão e soja também cairia significativamente.
Hidrelétricas
Marengo afirma estar particularmente preocupado com os impactos sobre a geração de energia hidrelétrica. Ele cita como exemplo disso a Bacia do Rio São Francisco, que deve registrar uma redução de cerca de 25% no volume d’água, o que afetaria severamente a produção de eletricidade da região. Além disso, o pesquisador do Inpe lembra que a densidade demográfica no Nordeste é muito maior do que na Amazônia. Os impactos das mudanças climáticas sobre pequenos produtores rurais levariam a movimentos migratórios.
O novo estudo do Hadley Centre mostra fortes variações na subida de temperatura e no regime de chuvas nas várias regiões do planeta. Na América Central, as consequências do aquecimento global são menos disputadas. “Deve ser registrada uma queda de pelo menos 20% no volume de chuvas lá, na hipótese de 4ºC”, afirmou Betts. Mais ao sul do continente, na região da Argentina, por exemplo, a previsão é de um aumento nas chuvas.
Caribe
Na conferência de Oxford, outros cientistas apresentaram estudos que indicam consequências graves para as regiões mais baixas da América Latina e do Caribe, na hipótese de um aquecimento de 4ºC. O cientista Stefan Rahmstorf, do Instituto de Potsdam, na Alemanha, afirmou que um aquecimento neste nível elevaria o nível do mar entre um metro e 1,3 metro até 2100 em relação aos níveis de 1990.
Os países mais ameaçados pela subida dos oceanos são Guiana, Suriname, Belize, Jamaica, Equador e o território da Guiana Francesa, além da Península de Yucatán, no México. O Met Office também apresentou mapas na conferência que mostram que grande parte dessas áreas já estão enfrentando a elevação do nível do mar. A comunidade científica concorda ser possível se preparar para enfrentar o problema porque a elevação acontece vagarosamente. No entanto, a combinação de ressacas, furacões de maior intensidade e a elevação do nível oceânico pode provocar problemas mais imediatos.
Desde o fim da década de 90, as emissões de gases do efeito estufa vêm ficando próximas às previsões mais extremadas do IPCC. No seu relatório de 2007, o IPCC afirma que, na pior das hipóteses, a temperatura global subiria 4ºC até o fim do século, caso a emissão de gases do efeito estufa continuasse a crescer, embora um aquecimento maior não tenha sido descartado. No mesmo relatório, o painel de cientistas convocado pelas Nações Unidas recomenda limitar o aquecimento global a 2ºC para evitar conseqüências “potencialmente dramáticas” das mudanças climáticas.
Extraído do endereço: http://www.oimparcialonline.com.br/noticias.php?id=20919. Acesso em: 01/10/2009.
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