quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Fóssil encontrado na Ilha de Cajual leva nome em homenagem a Alcântara

Do jornal "O IMPARCIAL"


Equinoxiodus Alcantarensis. O nome é complicado de dizer, mas, a razão é simples de compreender: trata-se de uma homenagem à capital maranhense. O nome remete a um fóssil de exemplar de peixe dotado de pulmão cujo material foi coletado ao longo de 10 anos de pesquisa. O exemplar foi encontrado na Ilha do Cajual, em Alcântara, a partir de escavações feitas por biólogos e paleontólogos da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade de São Paulo (USP). O trabalho, que teve participação de mais três pesquisadores, sendo dois paulistas, foi intitulado 'Um novo gênero de dipnoiformes do Cretáceo do Brasil' e concluído em janeiro passado. A pesquisa representa mais um marco na área de estudos arqueológicas desenvolvidas no estado.


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A espécie não era conhecida no planeta, foi batizada no Maranhão a partir da pesquisa. Para identificá-la, os pesquisadores analisaram placas dentárias e fragmentos recolhidos. As peças variavam de um centímetro e um metro de comprimento, reunidas durante o trabalho. O material foi cuidadosamente reunido e possibilitou confirmar as características físicas e condições de vida da espécie. O Equinoxiodus Alcantarensis viveu a milhões de anos e sua principal característica é a resistência a climas secos.

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Esse espécime é o que chamamos de indicador climático, explica o biólogo da UFMA e doutor em paleontologia, Manuel Alfredo Medeiros. A pesquisa, acrescenta, se focou na definição do clima. "Nossa região é tida como de clima de seco e comprovamos que este peixe vivia em ambiente de seca prolongada e conseguia respirar o oxigênio terrestre. Dessa forma, ratificamos o tipo de clima atribuído à nossa região", explicou Medeiros. Os fósseis da espécie aqui encontrada se assemelham a outras existentes na Austrália, Amazônia e África.


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Medeiros ressalta que as características principais persistem com pequenas evoluções ao longo dos anos. "Apenas alguns detalhes sofreram mudança. A espécie encontradas na Amazônia, por exemplo, pouco diferem da já extinta", diz. O material está guardado no acervo da UFMA, mas, réplicas das espécimes fósseis podem ser visitados no Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão (CPHNA-MA), localizado no Centro Histórico. O material foi coletado nas proximidades da área que compreende a Bacia do Itapecuru, considerado um dos maiores sítios arqueológicos do Maranhão. O local guarda numerosos fósseis que vem sendo recuperados e rendem rica informação sobre os ambientes do norte da América do Sul e característica do clima e fauna destas áreas.
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Medeiros diz que esta espécie, à época comum, hoje é considerada rara e presente em poucas regiões. O trabalho dos pesquisadores maranhenses e paulistas se tornou conhecido mundialmente e despertou interesse de estudiosos da China e França, que frequentemente aportam no estado em busca descobertas nos sítios arqueológicos locais. "É um potencial de exploração turístico do qual o Maranhão pode tirar proveito. Poderíamos usar de maneira mais efetiva de forma a gerar renda e impulsionar o turismo em São Luís , Alcântara e na Bacia do Itapecuru. Seria uma forma de gerar renda sem prejudicar este patrimônio e seguindo a legislação", conclui Manuel Medeiros.

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